domingo, 9 de fevereiro de 2014

RICARDO KOTSCHO: POLÍTICA SÓ DEPOIS DA COPA

O ínicio de 2014 começa com políticos e partidos disputando alianças e palanques, tempo de televisão e manchetes de jornais, mas o eleitorado não está nem aí para as eleições. Não é preciso ser nenhum Carlos Augusto Montenegro, o guru do Ibope, para prever que os eleitores só vão começar a se interessar pelo assunto após a Copa do Mundo, que acaba em julho. Basta prestar atenção nas conversas em que todo mundo já faz planos para o Carnaval ou discute onde vai passar o próximo fim de semana deste verão calorento.
 
 
"Antes disso, ninguém vai falar em política", disse Montenegro em longa entrevista concedida ao jornal Brasil Econômico, em que destaca que o nível de satisfação do brasileiro hoje é de 80%. Por isso, diz ele, "o brasileiro quer saber é se a prestação vai caber no seu orçamento".
 
Nos seus cálculos, até agora, um em cada três eleitores ainda não tem candidato. "A verdade é que o brasileiro não gosta muito de política. Se o voto no país não fosse obrigatório, teríamos eleições similares às que tivemos no Chile agora, com algo em torno de apenas 40% votando".
 
Quem gosta de política, como sabemos, é político e jornalista, um realimentando o outro para ocupar o noticiário nesta época de férias. Confesso que, no meu caso, também gostaria de falar de outras coisas mais agradáveis, como o convívio com os netos e o pão matutino tostado na chapa na padaria, mas desconfio que os leitores não iriam se interessar muito.
 
 
Apesar de tudo, prefiro falar de eleição porque este é sempre um tempo de renovação de esperanças, de propostas de mudanças, de busca de novos caminhos, até para evitar que velhas tragédias se repitam e novas aconteçam. Se o eleitor, porém, prefere esperar o Carnaval e a Copa passar, para só depois pensar nas escolhas que definirão nosso futuro, fica difícil ser otimista a esta altura do campeonato.
 
A campanha eleitoral deste ano será curta, constata Montenegro, o que é uma pena. Este deveria ser um momento importante para aumentar o grau de consciência política da população e assim  fortalecer a democracia, com a participação de todos nós nos debates. Não poderia ser uma tarefa restrita a candidatos e seus marqueteiros de ouro, como infelizmente vem acontecendo nas últimas eleições, mesmo sem Copa do Mundo no Brasil.
 
Quem não gosta de política acaba sendo governado pelos que gostam _ e é aí exatamente que muitas vezes reside o perigo de tudo continuar como está para ver como é que fica. O nosso Brasil, convenhamos, não pode correr o risco de virar um imenso Maranhão.
 

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