quinta-feira, 29 de abril de 2010

FENÔMENO LULA

O texto do cineasta Michael Moore, publicado na revista TIME para justificar a escolha de Lula como um dos 25 líderes políticos mais influentes do mundo:
"Quando os brasileiros elegeram pela primeira vez Luiz Inácio Lula da Silva Presidente, em 2002, os barões ladrões checaram nervosamente o tanque de combustível dos seus jatinhos particulares. Eles haviam transformado o Brasil num dos mais desiguais lugares da terra, e agora parecia a hora de receberem o troco. Lula, 64, era um filho genuíno da classe operária da América latina – de fato, um membro fundador do Partido dos Trabalhadores – que uma vez foi preso por liderar uma greve.

Quando Lula finalmente venceu a presidência, depois de três tentativas frustradas, era uma figura familiar na vida nacional brasileira. Mas o que o levou à política em primeiro lugar? Teria sido seu conhecimento pessoal de quão duro muitos brasileiros têm que trabalhar apenas para ir levando? Ter sido forçado a abandonar a escola após a quinta série para dar suporte à sua família? O trabalho de engraxate? Perder parte de um dedo num acidente na fábrica?
Não, foi quando, aos 25 anos de idade, ele viu sua mulher Maria morrer no oitavo mês de gravidez, junto com seu terceiro filho, porque eles não podiam pagar um tratamento médico decente.

Há uma lição aqui para os bilionários do mundo: deixem as pessoas terem um bom tratamento de saúde, e eles causarão muito menos problemas para vocês.
E aqui vai uma lição para o resto de nós: a grande ironia da presidência de Lula – ele foi eleito para um segundo mandato em 2006 e vai governar pelo resto deste ano – é que mesmo que ele tente impulsionar o Brasil para o Primeiro Mundo com programas sociais governamentais como o Fome Zero, criado para acabar com a fome, e com planos de melhorar a educação disponível para os membros da classe trabalhadora brasileira, os EUA se parecem mais com o Terceiro Mundo a cada dia.

O que Lula quer para o Brasil é o que nós costumávamos chamar de Sonho Americano. Nós nos EUA, por contraste, onde os 1% mais ricos agora detêm uma riqueza financeira maior do que todos os 95% da base juntos, estamos vivendo numa sociedade que rapidamente se torna mais parecida com o Brasil."