Jeferson Miola, integrante do Instituto de
Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), critica a capa
da revista da Abril deste final de semana que ataca o ex-presidente Lula
e afirma que a atuação partidária da Veja não é novidade; “para a
revista, ter status de 'empresa de comunicação' serve de fachada para o
crime”
Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto
Alegre (Idea), Jeferson Miola atacou a nova farsa da Veja contra o
ex-presidente Lula. Segundo ele, a atuação partidária da Veja não é
novidade: “para a revista, ter status de 'empresa de comunicação' serve
de fachada para o crime”.
Desta vez, Veja afirma que chegou "a vez dele", a respeito de uma
suposta delação premiada de José Adelmário Pinheiro, executivo da OAS,
que foi preso na Lava Jato.
No entanto, antes mesmo de chegar às bancas e à casa dos assinantes, a
reportagem foi desmentida pela OAS. “Sobre a reportagem da Veja deste
final de semana, José Adelmário Pinheiro e seus defensores têm a dizer,
respeitosamente, que ela não corresponde à verdade. Não há nenhuma
conversa com o MPF sobre delação premiada, tampouco intenção nesse
sentido”, disse, em nota, a empresa.
O lixo semanal da revista Veja traz na capa um close do rosto
desfigurado do Lula com uma chamada ameaçadora: “A vez dele”. No
subtítulo, faz alusão a supostas revelações do empreiteiro da OAS, que
incriminariam Lula. De sobremesa, a revista oferece uma chanchada: “como
o filho Lulinha ficou milionário”.
A Veja não surpreende;
iludidos são aqueles seres humanos de boa fé que ainda se surpreendem
com a vilania daquela revista. A Veja apenas ensina que a patifaria, o
ódio e o desprezo de classe não têm limites.
Empregando
linguagem asquerosa, a revista investe contra Lula com um desrespeito
inaceitável a um ex-Presidente. Em qualquer democracia, ensejaria à
prisão pelo crime de ofensa à honra: “Léo [Léo Pinheiro, da OAS] e Lula
são bons amigos. Mais do que por amizade, eles se uniram por interesses
comuns. Léo era operador da empreiteira OAS em Brasília. Lula era
presidente do Brasil e operado pela OAS. Na linguagem dos arranjos de
poder baseados na troca de favores, operar significa, em bom português,
comprar. Agora operador e operado enfrentam circunstâncias amargas”.
O empreiteiro desmentiu a revista, que ainda assim manteve a circulação.
A
atuação partidária da Veja não é novidade. Para a revista, ter status
de 'empresa de comunicação' serve de fachada para o crime”. A quatro
dias da eleição de outubro de 2014, Veja antecipou em dois dias seu lixo
semanal trazendo na capa Dilma e Lula em close e a chamada “Eles sabiam
de tudo” [sic], com um subtítulo espalhafatoso baseado em suposto
depoimento do doleiro-criminoso Youssef.
Tanto antes como agora,
a revista não baseia suas infâmias em fatos concretos, mas simplesmente
em mentiras e elucubrações que satisfazem a obsessão patológica de
desmoralizar Lula, Dilma e o PT.
Não é só a Veja que usa a
“liberdade de expressão” como álibi para a prática criminosa. Este é o
método da mídia oposicionista e seus servos ideológicos. Merval Pereira,
do jornal O Globo, é um praticante contumaz dessa técnica. Na coluna de
sábado 25.07 [“O diálogo inviável”] Merval perpetrou um repertório de
acusações que decerto lhe foi servido pelo seu colega FHC no chá da
tarde na Academia Brasileira de Letras:
“... o PT revelou-se um
partido que adota meios corruptos para fazer política, e usa o Estado
para financiar seus esquemas, com o objetivo de dominar a máquina
pública pelo maior tempo possível;
o PT ... é, até que se prove o
contrário, o único [Partido] que sequestrou o Estado brasileiro para
montar um esquema de domínio político na tentativa de se perpetuar no
poder;
... o PT inaugurou uma nova fase da corrupção brasileira,
muito mais danosa à democracia por que se alimenta da própria máquina
do Estado para continuar dominando-a indefinidamente;
... para,
através do desvio de recursos do Estado brasileiro, controlar a vida
partidária nacional e desvirtuar o sistema de coalizão partidária
através de distribuição de verbas ao Legislativo, envenena o nosso
sistema democrático, desmonta a convivência harmônica entre os Poderes
da República, quebra o sistema de pesos e contrapesos próprio da
democracia representativa;
Como partido organizado e bem
comandado, o PT transformou a roubalheira generalizada em instrumento de
controle político. O que mudou nos anos petistas é que a roubalheira
nas principais áreas do governo foi monopolizada pelo esquema político
que almeja a hegemonia. Sem mudar essa postura diante da democracia, não
há razão para a busca de um diálogo”.
O Presidente Lula nomeou
diretamente dois presidentes da Petrobrás – José Eduardo Dutra e Sérgio
Gabrielli. A Presidente Dilma nomeou Maria das Graças Foster e Aldemir
Bendine. Durante os 16 meses de frenético espetáculo jurídico-midiático
da Operação Lava Jato que começou em março de 2014, nenhuma autoridade
da Petrobrás designada diretamente por Lula e Dilma estão indiciadas ou
são suspeitas.
As pessoas da própria Petrobrás implicadas na
corrupção, como se sabe, são cinco ou seis funcionários de carreira de
uma empresa que tem no seu quadro funcional quase 250 mil empregados.
Entre
os outros mais de sessenta envolvidos no escândalo que foram arrolados
até o momento pelo Judiciário, apenas um deles é do PT, o ex-tesoureiro.
Os demais são empresários, lobistas, consultores, doleiros, além de
agentes políticos que pertencem ao PMDB, PP, PSB, PSDB e que representam
a maioria dos políticos implicados.
Apesar disso, o espetáculo
jurídico-midiático promove intencionalmente uma narrativa desequilibrada
e desproporcional para desmoralizar o PT.
Merval precisa
comprovar a materialidade das imputações feitas ao Partido. Elas são de
tal gravidade que, se verdadeiras, implicariam na proscrição de qualquer
organização com as características por ele arroladas. Caso o colunista
da Globo não comprove suas palavras levianas, não resta outro caminho
que não um processo judicial pela ofensa desferida a quase um milhão e
seiscentos mil pessoas filiadas ao PT.
Para a revista Veja, o
caminho é o mesmo, e deve começar pela apuração do crime cometido na
véspera do segundo turno eleitoral de 2014, até hoje sem resultados
conhecidos.
Nunca antes na história do Brasil o ambiente esteve
tão intoxicado pelo reacionarismo e por práticas fascistas que difundem
ódio e intolerância. É essencial agir-se urgentemente contra essa
realidade usando os remédios da democracia, das leis e da Constituição.