Pragmatismo; esta é a palavra que melhor define a reaproximação dos ex-governadores José Roberto Arruda (PR) e a Joaquim Roriz (PRTB), que se unirão para derrotar o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), na eleição para o Palácio do Buriti; o republicano será candidato tendo como vice a deputada distrital Liliane Roriz, filha do Joaquim Roriz; alianças, brigas, rompimentos, operações da PF marcam o passado desta dupla, de projeção nacional; mas, para Arruda, como disse Vinícius de Moraes "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida
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Brasília 247 – Pragmatismo. Esta é a palavra que melhor define a reaproximação dos ex-governadores José Roberto Arruda (PR) e a Joaquim Roriz (PRTB), que se unirão para derrotar o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), na eleição para o Palácio do Buriti. O republicano será candidato tendo como vice a deputada distrital Liliane Roriz, filha do Joaquim Roriz, numa disputa que também pode ter o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) e o deputado federal Reguffe (PDT).
Com passado turbulento, Arruda e Roriz se conheceram na década de 80, quando Arruda era funcionário da Companhia Energética de Brasília (CEB) e Roriz já aparecia como um dos principais atores políticos do Distrito Federal. Na época, quando governava o DF, Roriz nomeou Arruda como secretário de Obras. O republicano, que integrava os quadros do PP, foi candidato a senador, em 1994, e se elegeu, contando com o apoio do então governador.
Passados quatro anos, em 1998, Arruda e Roriz disputaram a eleição o Palácio do Buriti e Roriz acabou se elegendo pelo PMDB numa disputa contra Cristovam Buarque (atual senador pelo PDT) no segundo turno. Em 2002, Roriz foi reeleito e assumiria o seu quarto mandato como governador do Distrito Federal.
Na época, Arruda disputava um mandato na Câmara Federal, e foi eleito. Quatro anos depois, a relação entre o republicano e Roriz, que era filiado ao PMDB, começa a sair faíscas. Em 2006, Arruda lança a sua pré-candidatura pelo PFL ao GDF. No entanto, Roriz também estava no páreo e queria lançar a sua vice Maria de Lourdes Abadia (PSDB), que assumira o cargo após Roriz lançar-se pré-candidato ao Senado. O saldo do xadrez político foi o rompimento entre Arruda e Roriz.
Operação Aquarela
Em 2006, Roriz se elege senador, mas renuncia no ano seguinte após se envolver em um escândalo, que tem como pivô o Banco de Brasília (BRB), com a deflagração da Operação Aquarela. Roriz era acusado de utilizar o BRB para desviar recursos de contratos públicos e atender a interesses privados. Dentre algumas das irregularidades estava a dispensa ilegal de processo licitatório. Na época, o banco era presidido por Tarcísio Franklim, que foi preso, mas, em 2012, foi absolvido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) à condenação de 12 anos de reclusão.
Outra ação envolvendo Roriz, ainda no âmbito daquela operação foi a repactuação de uma dívida da empresa WRJ Engenharia, autorizada pelo banco. O débito era consequência de um empréstimo para a construção do Edifício Monet, em Águas Claras. Segundo a operação, Roriz mais três filhas - a deputada federal Jaqueline Roriz (PRTB), a distrital Liliane Roriz (PRTB) e Weslliane Roriz, além do seu neto Rodrigo Domingos Roriz, teriam recebido 12 apartamentos, em troca da repactuação da dívida. Roriz só poderá voltar à carreira política em 2023, aos 87 anos.
Operação Caixa de Pandora
Em 2009, a Polícia Federal deflagra a Operação Caixa de Pandora, que desmantelou o esquema conhecido como 'mensalão do DEM'. Tratava-se de compra de apoio parlamentar na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Segundo o ex-policial e delator do esquema, Durval Barbosa, Jaqueline Roriz, filha de Joaquim Roriz, e o seu marido, Manoel Neto, receberam propina de R$ 50 mil e, em troca, apoiaram, em 2006, a candidatura de Arruda, pelo DEM, ao GDF.
Em consequência da operação, Arruda ficou atrás das grades de fevereiro a abril de 2010 – foi o primeiro governador a ficar preso na história do País. No entanto, a denúncia contra ele foi remetida à primeira instância e pode não haver tempo suficiente para Arruda ser considerado pela Justiça Eleitoral como "ficha-suja".
Reconciliação
Para Arruda e Roriz, brigas são coisas do passado e os reflexos da reconciliação são, além da chapa para o GDF, as declarações de Arruda, no último sábado (16), durante um evento no Park Way, que reuniu cerca de mil pessoas. Lá, o republicano assegurou a sua candidatura, que, segundo ele, "não tem retorno" e não deixou de evocar o ex-governador Joaquim Roriz.
"Como dizia sempre o governador (Joaquim Roriz) nada acontece por acaso. Nós não estamos aqui por acaso. Eu acredito e reforcei muito a minha fé nesses anos de sofrimento de que há uma lei espiritual acima da inteligência humana", afirmou Arruda.
Segundo o pré-candidato ao GDF, Liliane Roriz havia lhe dito "palavras muito sábias": "Tivemos encontros e desencontros, tivemos juntos e separados". Mas Vinícius (de Moraes) diz: "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida", disse Arruda. "Chegou a hora de nos juntarmos", acrescentou.
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