sábado, 23 de março de 2013

ZUENIR VENTURA - COLUNISTA DO JORNAL " O GLOBO "


A presidente Dilma está com tudo: 63% de aprovação em todo o país, sendo que 85% no Nordeste. Nem Fernando Henrique, nem Lula chegaram a seus pés. Nem ela mesma antes. É recordista de si própria. E, se não bastasse, foi aprovada também no Vaticano. Foi lá, conversou com o Santo Padre, riram juntos, fez piada tirando sarro com os hermanos ("o Papa é argentino, mas Deus é brasileiro"), ouviu a promessa de que ele vem ao Rio, enfim, ficaram íntimos (gostaria de saber em que língua). Só não se pode dizer que ela teve 100% de aprovação porque não ganhou beijinho no rosto, como a rival Cristina ganhara na antevéspera. Em compensação, recebeu um conselho muito especial: que "seja forte, mas com ternura". Intencionalmente ou não, o Papa acabou fazendo uma homenagem àquele seu famoso conterrâneo, o Che revolucionário que recomendava ser preciso "endurecer, mas sem perder a ternura jamais".

Mais impressionante do que os números é o crescimento da aprovação, que era de 62% em dezembro, data da última pesquisa, da mesma maneira que o estilo de governar passou de 78% para 79%, e o índice de confiança, de 73% para 75%. Como explicar essa consagração em alta num período tão pouco favorável ao governo? O PIB caiu, a inflação ameaça, as filas dos hospitais aumentam, a faxina ética na administração ficou na promessa e até a natureza conspira contra, expondo a reedição de tragédias como as da Região Serrana fluminense, para as quais a presidente propôs "medidas drásticas", não contra as áreas de risco, mas "contra os que insistem em ficar nas áreas de risco", como se houvesse outra opção.

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