terça-feira, 11 de março de 2014

WILL NUNES: SAUDADE DOS GRANDES COMÍCIOS

Quando vejo imagens de arquivo de campanhas eleitorais do passado sinto saudade de uma época quando os debates eram mais ideológicos e a emoção tomava conta dos atos cívicos. Recordo da minha infância quando corria atrás dos trios elétricos, dos carros de som distribuindo material de campanha, dos jingles envolventes, da emoção que envolvia a população.
 
Hoje com as leis eleitorais mais rigorosas a gente percebe uma campanha com palanque eletrônico, sem o calor do povo, do envolvimento das multidões, da ausência de grandes oradores. Atualmente trocaram o grande debate, para temas mesquinhos. A roupa que o político vestiu, a pinga que tomou na esquina, a disputa por cargo, os dentes de porcelana que colocou na boca, por aí vai....
 
Antes havia as discussões calorosas, os fortes argumentos, os grandes comícios, a força popular era muito mais presente. Me recordo quando criança, quase adolescente das músicas de  campanha que envolvia todo um processo de emoção.
 
O candidato era importante, mas as ideias tinham um significado muito grande. No meu estado de origem o Rio Grande do Norte, a disputa entre os grandes líderes Aluizio Alves e Dinarte Mariz, a fala do grande Cortez Pereira,  era uma sensação única de ouvir grandes oradores
 
Meu sonho, já naquele época era ser locutor de comício, apresentar os candidatos, participar da grande festa democrática. Em Santa Cruz-RN,  tive o prazer de dividir palanque com Jota Oliveira, locutor de poucas palavras, mas de muita criatividade com expressões regionais, como por exemplo incaica, arrocha o nó, acunha macho, etc...
 
Agora o cobra criada mesmo, um dos maiores nomes da apresentação que já conheci. Era meu querido e grande amigo, que foi para o andar de cima antes do combinado o inesquecível radialista  Felix Santos. Esse era craque na latinha, sabia falar e emocionar como poucos, dava uma aula no palanque como apresentar os candidatos. 
 
Esse foi meu professor. Vaidoso até com as palavras, mas firme nas apresentações, era completo. Além de apresentar, cantava, era embolador ( um gênero musical de origem nordestina e tem como principal característica o curto intervalo entre as palavras e os versos, criando assim, uma melodia), improvisava e dominava a plateia como poucos. Tudo era um show.
 
Hoje o contato com o povo diminuiu, os comícios são poucos; estão acabando, os políticos preferem a TV, o Rádio e, agora a força da Internet. A emoção, o calor humano, o aperto de mão, a oratória com conteúdo e o prazer de sentir o cheiro do povo aos poucos vai se perdendo.....
 
Na nossa época de adolescência o comício era um grande show e, a grande atração eram os políticos, que ficavam no meio da multidão, hoje o povo é estimulado mais para ir as ruas para ser filmado e passar as imagens no programa eleitoral.
 
A festa democrática deixou de ser uma das grandes alegrias do povo, para se tornar um evento cívico limitado a cenas de Tv.
 
Que pena, festa sem o povo, é aniversário de criança sem bolo, balões e os parabéns pra você!!!
 
Saudades de uma época que jamais voltará, mas que nunca vou esquecer. Os grandes oradores, trios elétricos, jingles inesquecíveis, o povo bebendo cachaça, muita alegria, emoção, tudo sem nenhum sinal de violência, tudo engrandecia a grande manifestação popular numa forte apologia a democracia.
 
 
 
 

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