segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

EX-PRESIDENTE JK VÍTIMA DE ATENTADO

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Atentado. O ex-presidente Juscelino Kubitschek morreu em agosto de 1976 na estrada da Via Dutra, em Resende, interior do Estado do Rio
PUBLICADO EM 30/12/13 - 04h00

As evidências sempre estiveram vivas na memória de muitos personagens da época, nos fatos e em documentos, ou na falta deles. Mas foram precisos 37 anos de distanciamento para montar um quebra-cabeça com peças espalhadas por todo o país. O ano de 2013 foi decisivo para a reunião de provas e a conclusão ainda não oficializada pela Presidência da República, de que o ex-presidente Juscelino foi vítima de um atentado.
Na próxima semana, a Comissão da Verdade da Câmara de Vereadores de São Paulo – que investiu na apuração dessa história e colheu diversos depoimentos e provas – irá entregar ao Congresso, à Presidência da República e ao Supremo Tribunal Federal (STF) a conclusão dos trabalhos e o pedido para que a causa da morte do ex-presidente seja alterada para crime político.
“Em 2013, tudo conspirou para que o caso fosse desvendado”, avalia Gilberto Natalini, presidente da comissão. Na lista de elementos-surpresa que surgiram se destacou o depoimento do motorista do ônibus que passou pelo Opala de JK no dia do acidente que culminou em sua morte. Durante anos, Josias de Oliveira, 70, foi apontado como o causador da tragédia daquele agosto de 1976.
Em novembro, ele contou o que teria ocorrido na estrada da Via Dutra, em Resende, mas revelou uma informação que, há quase 40 anos, pode não ter tido a devida atenção. “Passei pelo carro, depois eles me cortaram pela direita em alta velocidade, perderam a direção e bateram contra a carreta no sentido contrário. Só assisti e parei para ajudar”.
“Alguns dias depois, dois homens barbudos de moto foram à minha casa e me ofereceram uma mala de dinheiro para eu assumir a culpa do acidente, mas recusei. Já havia contado essa história na época, mas os militares não me deram ouvidos”, lamenta ele, que vive sozinho no interior de São Paulo. Para Natalini, os homens eram ligados aos miliares.
Outro personagem decisivo para o veredito de “emboscada” foi o perito Alberto Carlos de Minas, que garante ter visto uma marca de bala no crânio do motorista que dirigia o carro de JK, Geraldo Ribeiro – confirmando a tese de que ele levou um tiro antes de bater o caro. “Vi a marca da bala, mas não me deixaram fotografar. Por algum motivo, não quiseram (o Estado) revelar a verdade”, disse o perito que acompanhou a exumação de Ribeiro, em 1996.
Minas Gerais também foi decisiva para o caso em 2013, mas as contribuições foram todas negativas. Segundo Natalini, o Estado perdeu o fragmento metálico que estava no caixão de Ribeiro, e que poderia ser a bala que atingiu o motorista antes de ele perder o controle do carro. O Estado ainda sumiu com o laudo integral da exumação de 1996.

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