A pesquisa Datafolha, como todas as pesquisas, é um retrato do
momento e, portanto, uma avaliação de seus dados não passa de uma
análise contida no seu tempo.
Esta pesquisa mostra, em primeiro
lugar, que a presidente Dilma é a grande beneficiada da ausência de
Marina Silva (Rede) da cédula eleitoral. Tanto que está de volta um
cenário em que Dilma poderia vencer o pleito no primeiro turno. O
levantamento mostrou também que o maior contingente de eleitores que
estavam dispostos a votar em Marina migraram para a presidente. Não é à
toa que a presidente Dilma andou declarando que está "numa fase de
beijos". Como se pode ver, a presidente repisa o "Lulinha paz e amor" da
eleição de 2002.
Sempre haverá quem dirá que "há muita água para
correr debaixo desta ponte". Mas essa sabedoria, de botequim, não quer
dizer nada, quando se trata de um recorte do momento. É óbvio que em
política e eleições não há bola de cristal, apenas se pode falar em
tendência.
O Datafolha sinaliza que a situação da candidatura do
PSDB é, no mínimo, periclitante. O senador Aécio Neves é um político de
qualidade, mas como candidato ele tem que carregar um peso enorme nas
costas. As pesquisas anteriores já mostravam que Marina Silva tinha um
desempenho melhor que o seu. E, agora, esta revela que com o apoio de
Marina Silva, o candidato do PSB, Eduardo Campos, entra com força na
briga pelo segundo lugar. Além disso, serão dois e não mais três
candidatos tentando levar a eleição para o segundo turno.
A
despeito da vontade de uns e de outros, este novo cenário indica que nos
próximos meses, na vida real, o embate político principal será entre as
candidaturas Aécio Neves e Eduardo Campos. Quem tem maior
possibilidade de ir para o segundo turno? Aécio terá de mostrar aos
eleitores que encarna melhor a idéia de mudança. Eduardo terá de
convencer os eleitores que ele representa a renovação política. Quem vai
vencer? Só o debate político vai nos revelar.
Podemos concluir,
com os dados de que dispomos agora, que o único candidato que será
assombrado, nos próximos meses, será Eduardo Campos. Marina é hoje
eleitoralmente maior do que ele.
O "Volta Serra" tem pouca
consistência. Sua rejeição está na casa dos 36% e os entrevistados que
dizem que não votariam num candidato apoiado por ele são 54%. Ou seja,
ele precisa ser deixado de lado na campanha.
O mesmo vale para o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cujo governo foi decisivo para a
construção do país que temos hoje. Os entrevistados também não votariam
num candidato apoiado por ele (58%). E dizer que os tucanos se
dedicaram por meses à fio, neste último período, tentando resgatar a
imagem do governo do ex-presidente.
Por fim, o ex-presidente Lula
continua sendo o principal cabo eleitoral da política brasileira. Seu
apoio faria com que 38% votassem num candidato, enquanto 31% não
votariam.
O "Volta Lula" é sempre uma possibilidade, sobretudo nas
especulações embaladas pela oposição e por petistas "marginalizados"
pelo atual governo e que posam de "íntimos" e bem informados sobre o que
se passa na "alma" do ex-presidente.
Mas o Datafolha mostra que a
presidente Dilma é competitiva, se fortalece com o apoio de Lula.
Portanto, por hora, não se pode dizer que ela está colocando em risco o
projeto de poder do PT.
Mas como se diz, no jargão popular, "o futuro a deus pertence".
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