Uma decisão tomada pelo ex-procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, no dia 23 de julho, promete gerar intensos debates no meio
político. Gurgel, que deixou o cargo ontem, arquivou uma representação
contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que deverá ser o candidato
tucano ao Palácio do Planalto.
A representação, apresentada por deputados estaduais que fazem
oposição a Aécio, liderados por Rogério Correia, do PT, pedia a abertura
de uma investigação sobre o patrimônio do senador mineiro. Gurgel não
viu razões para a investigação, conforme escreveu em seu parecer:
“Ao contrário, os documentos
constantes dos autos comprovam que o representado declarou o seu
patrimônio à Justiça Eleitoral. Tanto assim é verdade que a relação de
bens apresentada pelos noticiantes foi extraída exatamente do site do
Tribunal Superior Eleitoral.
De acordo com esses mesmos
documentos, o patrimônio foi constituído, em sua grande parte, antes que
o noticiado assumisse o cargo de governador do Estado de Minas Gerais,
não se podendo dizer que foi fruto de eventual beneficio havido no
exercício do cargo.”
Apresentada em maio de 2011, a
representação dos deputados questionava o patrimônio de Aécio.
Alegava-se que o senador declarou à Justiça Eleitoral possuir bens de
pouco mais de R$ 617 mil, mas foi parado numa Land Rover numa blitz no
Rio de Janeiro. De acordo com a representação, só este automóvel valeria
mais de R$ 300 mil. No entanto, o carro está declarado como propriedade
da Rádio Arco-Íris, empresa na qual Aécio tem pequena participação
acionária, argumento que foi acatado por Gurgel.
Para o PSDB de Minas, as denúncias têm caráter político e Rogério
Correia também é constantemente acusado pelos tucanos de envolvimento
com o lobista Nilton Monteiro, um dos responsáveis pela chamada “Lista
de Furnas”.
O arquivamento da representação promete gerar muito barulho porque
Gurgel, antes de deixar o cargo, limpou as gavetas e pediu abertura de
inquérito no Supremo Tribunal contra vários políticos, como, por
exemplo, os deputados Gabriel Chalita (PMDB-SP) e Anthony Garotinho
(PR-RJ). Além disso, numa decisão bastante questionada, ele chegou até a
sugerir a cassação da governadora Roseana Sarney, do Maranhão, que foi
eleita pelo PMDB.
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