quinta-feira, 12 de março de 2015

QUEM VAI DÁ O GOLPE NO BRASIL?

Por Wagner Iglecias
Na minha humilde opinião, o golpe contra o governo Dilma deverá ocorrer. Amanhã tudo pode mudar, mas se tivesse de apostar hoje, diria que vai ocorrer. Afinal, há uma conjunção de fatores negativos e muito delicados na política e na economia que debilita muito a situação da presidente. Além disso, há uma conjunção de atores, de fora e de dentro do país, cada vez mais convencidos de real possibilidade de que o governo dela possa ter um ponto final em breve. Reconheçamos: 
a) O partido derrotado na eleição presidencial e seu candidato jamais aceitaram de bom grado o resultado das urnas e desde então não foram poucos os sinais emitidos de dúvida em relação à legitimidade de um segundo governo Dilma;
b) A grande imprensa sempre temeu o petismo, por conta da proposta de regulação de seu ramo de negócios (que ocorre em países como EUA e Inglaterra, por exemplo);
c) A classe média, que está ensandecida, odeia o petismo e quer de volta sua empregada e seu pedreiro conformados com o destino, bem como seus aeroportos vazios e livres daquela "gente diferenciada";
d) A nova classe média - vítima da péssima educação pública deste país, e com nível de politização muito baixo (similar ou ainda pior que o da classe média tradicional) - segue embasbacada com a ascensão social que experimentou nos últimos anos, comprou o ethos da classe média tradicional e agora também culpa o petismo porque já não pode consumir tanto;
e) O PMDB e demais partidos aliados do governo seguem sendo aliados, mas só até certo ponto, e se o vento realmente virar já sabemos que não se deixarão guiar pelas estrelas, conforme já foi dito para quem quiser ouvir;
f) A oposição de esquerda, exceção de um expoente ou outro, segue em sua postura de superioridade olímpica, entendendo os dois projetos de Brasil em jogo, neste momento, como a mesmíssima coisa, como só iria acontecer com as esquerdas em geral, em várias partes do mundo, em momentos como o que o país está vivendo.
E o petismo? Oras, o petismo continua estranhamente acuado. Adoraria saber o porquê.
Qualquer pessoa com um mínimo de discernimento sabe que a corrupção é só o argumento para a mudança que deverá ocorrer. Serve a alguns incautos, ainda que em tempos de Googlenem em incautos se possa acreditar mais, dado que a corrupção no Brasil é estrutural, as informações sobre isso estão a dois ou três toques no teclado, mas os indignados só a enxergam no PT.
O que está em jogo nestes dias, acho, não é a corrupção, nem a mudança dos costumes relativos à gestão da coisa pública, mas sim a manutenção do atual modelo econômico e de inserção do Brasil no cenário mundial, ou de sua derrubada.
E no caso de derrubada já sabemos o que deverá vir por ai: a reversão do moderadíssimo processo de redistribuição de renda iniciado no governo Lula, um ataque ainda mais pesado que o atual aos direitos dos trabalhadores e às políticas sociais, a retomada da agenda mais hardcore da privatização, a mudança do marco regulatório do pre-sal de modo a favorecer petroleiras estrangeiras e uma mudança acentuada na política externa, tirando o Brasil do caminho dos BRICS e da América do Sul e levando-o de volta a uma aliança preferencial com Washington.

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