quinta-feira, 12 de março de 2015

O ESQUEMA DA MÍDIA PARA COBRIR AS MANIFESTAÇÕES CONTRA A DILMA

Com os atos contra Dilma marcados para um domingo de futebol, o jornalismo esportivo fica com a responsabilidade de tratar do assunto na data.
Emissoras de rádio e televisão abrem largamente a programação de domingo ao esporte, notadamente aos jogos de futebol dos campeonatos em andamento no País. São acontecimentos transmitidos ao vivo, que começam com programas relatando aprontos de partidas até os famigerados debates pós-jogos.
É de se avaliar como o jornalismo esportivo neste domingo (15) conviverá com os atos.
Em São Paulo, o Governo do Estado (por meio da Secretaria de Segurança) já providenciou a deixa: antecipou o jogo do Palmeiras, em seu estádio, contra o XV de Piracicaba, para as 11 horas da manhã, quando antes estava marcado para o final da tarde. O órgão alegou a mudança por conta dos atos.
Imagine como a imprensa esportiva irá tratar o protesto durante o jogo do Palmeiras de horário antecipado? Poderá promover junto aos ouvintes e telespectadores os eventos contra Dilma que acontecerão mais tarde?
E aqueles torcedores que aproveitarão a ida à Arena do Palmeiras para demonstrar revolta contra Dilma por meio de um cartaz ou de gritos? É certo que eles terão audiência por que, provavelmente, proporcionarão à imprensa as primeiras imagens do dia contra a presidente.
Pelo Brasil afora, haverá à tarde partidas de futebol com atos pelas ruas em andamento.
Antes mesmo de a partida começar, no início da jornada esportiva de domingo do rádio, um repórter, já no local programado para o protesto, estará disponível para a entrada ao vivo na programação. Alguns deles poderão informar que existem milhares de pessoas nas ruas.
Um esfuziante narrador poderá dizer no meio de uma transmissão: “Vamos chamar agora fulano, direto da avenida tal. Fulano, como estão as manifestações contra Dilma?”
Na televisão, o caminhão de link para transmissão ao vivo estará montado na avenida principal de uma capital qualquer. A entrada do repórter direto, no meio do protesto, está programada para o intervalo do jogo, ou mesmo antes dele começar. Um provocativo locutor poderá dizer: “E agora fulano, direto dos protestos contra o governo. Fulano, a população está mesmo indignada com a Dilma?”
E as análises dos comentaristas esportivos poderão ser de arrepiar. Na matéria que dominam costumam ser criticados pela parcialidade que tratam clubes e federações, imagina quando falarem de política.
No domingo, o jornalismo esportivo brasileiro tem a chance de mostrar certo profissionalismo no trato com uma situação tão delicada, evitando cair no furor incontrolável e conivente que caracterizam a cobertura do futebol no País. Mas o histórico aponta que a tarefa não será fácil.

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