Citado em delações da Operação Lava Jato, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) pode escapar das investigações contra si caso assuma a Presidência da República, na hipótese do afastamento de Dilma Rousseff. Isso porque a Constituição prevê que o presidente não pode ser responsabilizado por “atos estranhos” ao exercício do mandato. Sob essa justificativa, o procurador-geral da República Rodrigo Janot rejeitou, no início do ano passado, abrir inquérito contra Dilma sob acusação de irregularidades nas contas da campanha eleitoral de 2010.
Dois procuradores que acompanham a Lava Jato ouvidos pela Folhaafirmaram que provavelmente será impossível investigar Temer, sob esse entendimento, enquanto ele ocupar a Presidência. Ressalvam, porém, que será necessário analisar o caso concreto. Atualmente a PGR (Procuradoria-Geral da República) analisa se vai incluir Temer no inquérito que investiga a atuação de uma organização criminosa na Petrobras.
A base para essa inclusão seria a delação premiada do senador Delcídio do Amaral, que afirmou que Temer deu “chancela” para indicação de ex-diretores da Petrobras envolvidos em irregularidades. O vice nega. Quando foi tornada pública a delação de Delcídio, a assessoria de Temer informou que as indicações foram feitas pela bancada do PMDB da Câmara.