A Praça Tahir não é mais aqui.
Depois dos protestos de junho, que levaram alguns analistas a exaltar o
chamado "outono brasileiro", que derrubou a popularidade da presidente
Dilma Rousseff e poderia até abreviar o ciclo do PT no poder, a mídia
brasileira não quer mais brincar de revolução.
O primeiro sinal veio do jornal O
Globo, na edição de ontem, quando a manchete principal destacou que
apenas 200 pessoas causaram transtorno a milhares de cidadãos, fechando a
Avenida Rio Branco, no centro do Rio (leia mais aqui).
A virada definitiva, no entanto, vem da Editora Abril, onde a revista
Veja que, há três meses, dedicava uma "edição histórica" às
manifestações e colocava uma bela jovem na capa enrolada à bandeira
nacional, neste fim de semana fala em sua capa dos "caras-tapadas", os
jovens que pregam a anarquia e empregam a violência em seus atos de
protesto.
Veja demonstra preocupação com o 7
de setembro, quando os black blocs, um dos grupos mais violentos da leva
recente de manifestações, planejam um "badernaço". Se esse cenário se
confirmar, em breve, os mesmos veículos que estimularam a onda de
protestos de junho estarão pedindo mais repressão policial. E o eixo das
coberturas no bordão de "mais uma manifestação pacífica que terminou em
violência, quando um pequeno grupo de vândalos..." terá que ser
alterado.
Globo, Veja & companhia estão
perdendo a paciência. Especialmente porque também são alvos da
indignação de parte dos manifestantes.
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