Jornalista escreve que as "anunciadas pomposamente como o 'Dia Internacional de Lutas Contra a Copa' por líderes sem cara e sem nome, as manifestações de protesto programadas nesta quinta-feira em todo o País e até no exterior terminaram num retumbante fracasso e, mais uma vez, em atos de vandalismo"; para ele, "este foi apenas mais um factoide midiático"
247 - O colunista Ricardo Kotscho classifica como "mais um factoide midiático" as manifestações contra a Copa do Mudno "anunciadas pomposamente como o Dia Internacional de Lutas Contra a Copa" para esta quinta-feira. "Somando tudo, tinha menos gente do que num jogo da Portuguesa e mais policiais e jornalistas do que manifestantes", brinca o jornalista, em artigo em seu blog. Leia abaixo:
Torcida contra Copa é menor do que a da Portuguesa
O que aconteceu? Anunciadas pomposamente como o "Dia Internacional de Lutas Contra a Copa" por líderes sem cara e sem nome, as manifestações de protesto programadas nesta quinta-feira em todo o País e até no exterior, terminaram num retumbante fracasso e, mais uma vez, em atos de vandalismo. Luta mesmo se deu apenas entre black blocs e policiais, um vexame.
Aconteceu que este foi apenas mais um factoide midiático. Não apareceram mais do que 1.500 combatentes no Rio e em São Paulo; outros 2.000, em Belo Horizonte, 100, em Curitiba, 200, em Porto Alegre, 300, em Fortaleza, 100, em Salvador, e por aí foi. Ou seja, somando tudo, tinha menos gente do que num jogo da Portuguesa e mais policiais e jornalistas do que manifestantes.
Estão desmoralizando até os protestos. Agora, qualquer um, por qualquer motivo, pode fechar a avenida Paulista, região onde fica o maior complexo hospitalar do País. Logo de manhã, um grupo de ex-funcionários do Idort, que cuida dos telecentros da prefeitura paulistana, achou-se no direito de desfilar pela avenida, no horário de maior movimento, para cobrar salários atrasados. E o que nós temos a ver com isso?
Claro que, criado o clima e montado o cenário, movimentos de sem-teto e diversas categorias profissionais em campanha salarial, de policiais a professores, passando por metalúrgicos arrebanhados pelo impagável Paulinho da Força, principal aliado do candidato Aécio Neves, aproveitaram-se da ampla cobertura da imprensa para fechar ruas e avenidas em mais um dia de baderna e caos nas principais cidades do País.
Em Recife, foi pior. A exemplo do que já havia acontecido na Semana Santa em Salvador, durante a greve da Polícia Militar, em poucas horas, sete pessoas foram assassinadas, começaram os saques e o pânico tomou conta das ruas, com comércio e escolas fechando as portas. Foram convocadas tropas da Força Nacional e, mais uma vez, o Exército, enquanto o candidato Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, postava na rede social uma foto da família viajando de jatinho a caminho de São Paulo.
Vamos ter Copa, mas não vamos ter mais nenhum dia de paz até as eleições. São tantos interesses em jogo nesta antevéspera da Copa, juntando os político-eleitorais com os daqueles que querem apenas azucrinar a vida dos outros e aos que se aproveitam do momento para chantagear os governos, que o direito de ir e vir está provisoriamente suspenso. Nada indica que, apesar do fracasso de ontem, as manifestações possam parar por aí.
Policiais de todo o País, civis, militares, federais e rodoviários, já estão ameaçando fazer uma greve conjunta na próxima quarta-feira, dia 21. Em Pernambuco, os PMs pedem módicos 50% de aumento, ao passo que no Rio motoristas e cobradores se contentam com 40%. Num país em que a inflação está abaixo do teto de 6,5%, caso as reivindicações de todas as categorias em greve sejam atendidas, o que é inviável, os aumentos provocariam uma disparada nos preços para a alegria da turma que joga no quanto pior, melhor, que sabemos bem maior do que a torcida da Portuguesa. Aí certamente serão programadas novas manifestações, agora contra a inflação.
Aonde querem chegar? Só espero que outubro chegue logo.
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