segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

PISADA NA BOLA NA INAUGURAÇÃO DO MINEIRÃO NA OPINIÃO DE " COSME RÍMOLE" REPÓRTER ESPORTIVO


A cena foi emblemática.
O senador da República, Zezé Perrella, chega ao Mineirão.
Andando, esbaforido, suando muito debaixo do sol inclemente.
Com medo de perder o início do clássico, ele abandonou o carro.
Largou seu motorista na estúpida fila de automóveis e foi a pé ao estádio.
Outro cenário, cadeirantes desesperados.
Com o caro ingresso na mão sem ter acesso aos seus lugares.
Encontraram portões trancados e sem funcionário algum com a chave.
Voltaram para casa arrasados.
Do outro lado do estádio, cruzeirenses e atleticanos juntos no desespero.
Com muita sede.
Os bebedouros não tinham água.
O cheiro dos banheiros era nojento.
A água não existia, nem luz.
Muito menos higiene.
Atendendo aos apelos da mídia, os torcedores chegaram cedo ao estádio.
Os que atenderam, passaram fome.
Das 58 lanchonetes, apenas duas abriram.
E logo seus produtos acabaram.
Os poucos ambulantes se aproveitaram.
Cobraram preços abusivos.
Um mero refrigerante quente valia R$ 7,00.
Um copo d'água fervente, R$ 4,00.
A Polícia Militar separou as duas torcidas.
Mas fez vista grossa à invasão dos setores.
Muitos pagaram pouco e sentaram em lugares privilegiados.
Não respeitaram a localização da sua entrada.
"É de quem chega primeiro", repetiam.
Policiais não enxergaram o festim diabólico dos cambistas.
A confusa venda de ingressos foi oportuna para muitos ganharem dinheiro.
Zezé Perrella teve de andar porque houve um atraso na abertura dos estacionamentos.
Um atraso de duas horas!
A administração da Minas Arena deu um show de desorganização.
Era prometido que o padrão Fifa seria respeitado na reabertura do estádio.
Afinal, foram gastos R$ 700 milhões com o Mineirão.
Mas que padrão foi esse?
O de desrespeito à vida humana.
Torcedores foram tratados sem a menor consideração.
Para agradar a políticos, a reabertura do estádio foi feita antes do tempo.
O governador Antonio Anastasia queria dar uma demonstração de pujança.
Da força que realmente Minas Gerais tem.
E do que ela representa para o Brasil.
Mas se deixou levar pela afobação dos novos administradores do estádio.
O Brasil inteiro lamenta e repudia o que aconteceu no Mineirão.
A pressa que não levou a nada.
A intenção era mostrar o quanto Minas Gerais trabalhou bem.
Mas o que se conseguiu foi provocar vergonha alheia.
Até mesmo o presidente do Cruzeiro, Gilvan Tavares, desabafou.
"A chegada ao estádio virou um transtorno.
Vi vários torcedores deixando o carro longe e chegando caminhando.
Muitos conselheiros do Cruzeiro chegaram suados."
O senador da República Zezé Perrella entre eles.
Mas Gilvan falou pouco porque viu pouco.
Logo foi para a área VIP do Mineirão.
Tavares terá de agora em diante de mostrar ser dirigente.
Deixar o conforto e, no próximo jogo, ir para o local dos torcedores.
Sentir na pele o que o cruzeirense passa no Mineirão.
Só de ouvir dizer não adianta.
Precisa passar sede, usar banheiro empesteado...
Ter a sua cadeira ocupada por um torcedor que chegou antes...
Ver a frustração de um cadeirante voltando para casa sem ver o jogo e com ingresso na mão...
Ficar seis horas sem comer, com dinheiro no bolso.
E só encontrar lanchonetes fechadas.
Só assim ele poderá dizer que é o administrador do estádio.
A reabertura às pressas do Mineirão foi absurda.
Constrangeu o Brasil.
Não há o que se comemorar.
Nem o fato de o estádio ter duas torcidas.
As autoridades não fizeram mais do que sua obrigação.
A Polícia Militar recebe seu salário da população para fazer o quê?
Se não consegue separar dois grupos de torcedores, como Minas quer a Copa?
O governador Antonio Anastasia tem de tomar providências.
Ele caiu em uma armadilha política.
A reinauguração do Mineirão só o expôs, o desgastou.
E mostrou o quanto é mal assessorado.
Como o levaram para reinaugurar o Mineirão nessas condições?
R$ 700 milhões gastos para esse grande vexame logo na reabertura.
A administração da Arena Minas tem de se explicar.
O governador precisa exigir mais respeito pelos mineiros.
E não apenas se contentar em posar para fotos que serão usadas em campanhas eleitorais.
Sem água, luz, sem comida.
Banheiros empesteados.
Um pai chorando, desesperado, tentando comprar água para o filho.
Diante de policiais inertes.
Que modernidade é essa, Belo Horizonte?

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