O líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), nos debates da comissão especial que analisa o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, criticou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “É um escândalo internacional que alguém, com a somatória de acusações como ele, conte com anuência dos parlamentares para se manter à frente desse processo”, afirmou.
Valente destacou que, enquanto Cunha acelera o afastamento da Presidente da República, tem atrasado o processo contra ele próprio no Conselho de Ética.
O pedido de afastamento do presidente da Câmara dos Deputados foi feito, em dezembro do ano passado, pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no Supremo Tribunal Federal (STF). Janot acusou Cunha de utilizar o cargo de presidente da Câmara para intimidar parlamentares e cometer crimes. O presidente da Câmara é o único parlamentar que já se tornou réu na Operação Lava-Jato. Ele responde a três inquéritos oriundos da Operação da Polícia Federal que investiga casos de corrupção na Petrobras que tramitam no Supremo, como o que investiga a existência de contas secretas mantidas pelo deputado na Suíça para receber dinheiro de origem ilícita.
No pedido apresentado ao STF, Janot argumenta que as suspeitas sobre Cunha, alvo de buscas e apreensões em uma das fases da operação policial, são reforçadas nas delações premiadas de réus da Lava Jato e pelas apreensões feitas no dia 15 de dezembro, pela Polícia Federal, na residência oficial da Câmara e na casa do parlamentar no Rio de Janeiro.
O mesmo pedido foi feito pelos lideres partidários da Câmara. Na ocasião, os parlamentares alegaram que Cunha estava usando o cargo de Presidente da Câmara para obstacularizar os trabalhos do Conselho de Ética, ao mesmo tempo em que acelerava o processo de pedido de impeachment da presidenta Dilma.
Sentimento de vingança
Segundo o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, na defesa da presidenta Dilma na comissão do impeachment, destacou que o processo impeachment foi aberto por vingança de Cunha, já que o PT votou a favor da abertura do processo de cassação de Cunha no Conselho de Ética.
Cardozo disse que houve “desvio de poder” no caso. “Esse processo de impeachment nasce com um pecado original, com seu vício, que foi na utilização de sua excelência, presidente da Câmara, para fazer uma vingança”, destacou.
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