Doleiro delata Aécio e dono do Ibope
8 de março de 2015 | 03:09 Autor: Miguel do Rosário
A Folha divulgou uma bomba há pouco.
A gente já sabia, mas é divertido ver a imprensa ser obrigada a informar algumas verdades de vez em quando, forçada pelos fatos. O jornal tenta disfarçar. A notícia fica escondida.
O título é o mais discreto possível: “Outras estatais pagavam políticos, diz doleiro”.
Outras estatais?
Aí sabemos que, entre as “outras estatais”, está Furnas, pagando mensalão a Aécio Neves, funcionando de 1994 a 2001, sete alegres anos de roubalheiras.
A coisa fica ainda mais picante quando envolve o dono do Ibope, Augusto Montenegro.
Só falta aparecer a Globo!
É como dizia Raskolnikov, protagonista de Crime e Castigo, do Dostoiévski: mate uma pessoa e será um assassino, mate 1 milhão e será um líder político.
Roube 1 milhão e será um ladrão.
Roube 1 bilhão e será um barão da mídia, respeitado no mundo inteiro.
Trechos da matéria da Folha:
“No caso do Denatran, dois ex-deputados do PP –João Pizzolatti (SC) e Pedro Correia (PE)– serão investigados pela suspeita de terem recebido propina de R$ 20 milhões.
Segundo Youssef, o órgão fez um convênio com a Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização para a instituição passar a fazer um registro específico dos veículos nacionais. Sem concorrência, a Fenaseg contratou a empresa GRF para realizar o serviço.
Segundo consta no inquérito, a GRF era de Carlos Augusto Montenegro, presidente do instituto de pesquisa Ibope, que seria responsável pelo pagamento da propina.
“O negócio teria rendido cerca de R$ 20 milhões em comissões para o PP, montante que seria pago em vinte parcelas”, disse Youssef ao depor. “As parcelas eram pagas por um empresário de nome Montenegro, dono do Ibope.”
O doleiro acusa o ex-presidente da CBTU, estatal federal de trens urbanos, Francisco Colombo, de ter repassado R$ 106 mil apreendidos em 2012 pela Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas (SP) com o funcionário da Câmara Jaymerson de Amorim.
Segundo o depoimento, o dinheiro foi pego por Colombo com Youssef dias antes e era destinado ao senador Benedito de Lira (PP-AL) e ao deputado Artur Lira (PP-AL).
Youssef relatou ter informações de que havia um esquema de pagamento de suborno em Furnas, estatal do setor elétrico, que teria funcionado entre 1994 e 2001, durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. O doleiro contou que nessa época atuava como operador financeiro do ex-deputado do PP José Janene, morto em 2010.
Segundo ele, Janene recebia propina de duas empresas contratadas por Furnas. Youssef disse que presenciou Janene receber suborno de uma destas empresas e que, de 1996 a “2000 ou 2001″, a empresa repassou US$ 100 mil por mês ao PP.
O doleiro afirmou que Janene lhe disse que “dividia uma diretoria de Furnas” com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que na época era deputado federal. Youssef disse ter “ouvido dizer” que Aécio também recebia propina. O Ministério Público não abriu inquérito contra o tucano.
[Observem como a Folha destaca o "ouvido dizer". É o tipo de gentileza semiótica que nunca dão a Dilma].
A Folha procurou a CBTU, a assessoria do Ministério das Cidades, o presidente do Ibope e a assessoria do PP, mas não obteve retorno até a conclusão desta edição. “
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