segunda-feira, 10 de outubro de 2011

KASSAB A BOLA DA VEZ

O que Dilma Rousseff tem de fato a enaltecer a menos de três meses de completar um ano de governo?

A degola de quatro ministros, três deles por suspeita de envolvimento com malfeitos? E mais a troca imprevista de cadeira entre outros dois ministros para não ter que afastar mais um?

Ou seria mais razoável nada cobrar de Dilma por enquanto?

Instalado há oito meses, a que veio o novo Congresso?

Cada vez mais atrelado ao governo, mexe-se com maior ou menor rapidez a depender exclusivamente do governo. No caso, mexe-se devagar.

De notável, aprovou uma lei que prorroga a juventude até a idade dos 29 anos para os aficionados por futebol e ingresso barato.

Alguns dos protagonistas de primeira grandeza das eleições do ano passado dão tempo ao tempo interessados em tentar enxergar o próprio futuro com mais clareza.

Aécio Neves anda meio sumido. Pode acabar trocando o embate presidencial de 2014 pela oportunidade segura de governar Minas Gerais por mais quatro ou oito anos.

José Serra teima em só pensar naquilo. Se Lula disputou e perdeu três vezes antes de vencer a primeira eleição por que a história com ele terá de ser diferente?

Como Aécio, Eduardo Campos, governador de Pernambuco, parece não ter pressa. Ambos têm a idade a favor.

Quanto a Lula... O dono da bola é ele. E Dilma não criará problemas. Imagina!

No primeiro ano de governo de uma mulher, a mais formidável novidade, capaz de influir no destino político do país, foi produzida por um homem sem carisma, de escasso brilho pessoal, mas herdeiro da lábia dos antigos mascates, e da disposição que os levava a oferecer sua mercadoria de porta em porta, obstinadamente.

Cuidado com quem descende de santo.

Descendo de um – São Leonard de Noblat, o protetor das mulheres grávidas e dos prisioneiros. Mas dispenso cuidados.

Sobrinho-bisneto de Nimatullah Yousseff Kassab Al-Hardini, santo da igreja Maronita canonizado por João Paulo II em 2004, Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, inspira cuidados aos seus adversários.

Em prazo recorde, ele criou o Partido Social Democrático (PSD) – o 29º reconhecido pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Estima-se que o PSD tenha nascido com cerca de 55 deputados federais, dois senadores, dois governadores, 600 prefeitos e seis mil vereadores. Na Câmara dos Deputados, talvez só fique atrás do PMDB e do PT.

Kassab apostou na ruína do DEM, seu antigo partido, em baixa desde que o PT chegou ao poder com Lula.

Apostou no enfraquecimento do PSDB, sem discurso e circunscrito a alguns Estados. E apostou na insatisfação de muitos políticos dos partidos da base de apoio ao governo Dilma.

Ganhou todas as apostas.

Causou irritação aqui fora e euforia dentro dos partidos quando proclamou: “Meu partido não será de direita, nem de esquerda, nem de centro”.

Haveria, pois, lugar nele para todo mundo. E assim todo mundo resolveu dar uma mão ao PSD. Ele foi montado com a ajuda da maioria dos governadores. E serve aos mais variados propósitos.

No Rio, por exemplo, o PSD é do governador Sérgio Cabral e fará dobradinha com o PMDB. No Maranhão é da família Sarney.

Na Bahia, o governador Jacques Wagner usou o PSD para enfraquecer o DEM do deputado ACM Neto. Eduardo Campos e Cid Gomes, governador do Ceará, ambos do PSB, desviaram correligionários para engordar o PSD.

Muitos ganharam com a invenção do PSD. Mas ninguém ganhou mais do que Kassab.

Em 2004, candidato a prefeito de São Paulo, Serra fez cara feia para o DEM que bancou Kassab como seu vice.

Agora, é Kassab quem oferece ao PSDB de Serra e de Geraldo Alckmin a vaga de vice-prefeito na chapa a ser encabeçada por um nome do PSD.

Esse nome pode vir a ser o de Afif Domingos, atual vice de Alckmin. Em troca do apoio do PSDB a Afif, Kassab promete apoiar a reeleição de Alckmin em 2014.

Se o PSDB, contudo, preferir desprezar a aliança com o PSD, Kassab então lançará para prefeito Henrique Meirelles, que na última sexta-feira se filiou ao PSD.

Por acaso tem alguém com mais bico e plumagem de tucano do que o ex-deputado federal pelo PSDB de Goiás, Henrique Meirelles?

Tem alguém com trânsito mais livre entre eleitores do PT do que Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central no governo Lula?

Para completar, Meirelles é presidente do Conselho Olímpico no governo Dilma.

Em São Paulo, berço político do PSDB e do PT, o PSD de Kassab é candidato a dar as cartas, ora enfrentando os dois ao mesmo tempo, ora se juntando a um deles.

Doravante, em Brasília, quando algo relevante começar a ser discutido no governo ou no Congresso, alguma voz haverá de perguntar: “O que Kassab acha disso?”.


fonte:blognoblat

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário, dúvida ou sugestão.