Graças exclusivamente ao amadurecimento institucional, o país começa a voltar para a normalidade política.
Digo exclusivamente porque esta volta à normalidade ocorre apesar da apatia da presidente Dilma Rousseff, que até agora se mostrou incapaz de articular um programa mínimo de governo.
Tem a seu favor o fato de que oposição (com Gilmar Mendes) e imprensa não lhe deram um minuto de folga desde o segundo turno.
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Agora, ocorre uma confluência de fatores estabilizadores.
Do lado da oposição, a desmoralização do golpismo de fancaria do PSDB de Aécio Neves, Carlos Sampaio e Aloisio Nunes.
Nesse período todo, contando com a retaguarda total da mídia, não logrou desenvolver uma proposta sequer. A inabilidade política foi tal que, ao propor a anulação completa das eleições, Aécio Neves conseguiu jogar fora a única âncora para o impeachment: a parceria com o PMDB.
Conseguiu descontentar os aliados, queimou-se com a opinião pública e com o empresariado e ainda teve que assistir o enterro do aliado Eduardo Cunha.
Essa sucessão de erros políticos é surpreendente em alguém que parecia ter vindo da melhor escola política mineira.
A exposição ao sol desmanchou a imagem de Aécio e levou junto a do PSDB.
É possível que, nos próximos meses, o empresariado paulista e o mercado financeiro passem a apostar na Rede Sustentabilidade, de Marina Silva.
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O segundo fator de estabilização é a Lei de Direito de Resposta aprovada pelo Congresso e sancionada por Dilma. Ela deverá conter os exageros de uma imprensa que parece ter perdido totalmente o rumo em sua aposta inconsequente no pior.
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A terceira frente foi essa tentativa canhestra de emplacar o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles na Fazenda.
Pode haver discordâncias em relação ao estilo de Joaquim Levy. Pode cometer erros de diagnóstico, mas é um funcionário público responsável que jamais jogaria o país em aventuras.
Além de seu desconhecimento de economia, Meirelles é do tipo que cede o que for necessário para sustentar uma imagem vazia.
Ao sair de cena, dfevolve um pouco de tranquilidade ao cenário econômico.
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Com as três frentes relativamente apaziguadas, abre-se espaço para o desafio maior: Dilma começar a governar.
Nos últimos dias, assessores presidenciais anunciaram a disposição do governo de ouvir sugestões visando reativar a economia. Dá a impressão que Dilma abrirá concurso para selecionar as melhores sugestões e dar um prêmio para os autores.
Se se indagar de qualquer analista se acredita que a proposta é para valer, a resposta será negativa. Dilma não conseguiu romper a imagem de isolamento que construiu.
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Se quiser participação, basta recorre aos instrumentos de que dispõe.
Centro relevante de discussão da sociedade civil, o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social) perdeu totalmente relevância no governo Dilma. Agora, com Jacques Wagner na Casa Civil, poderá voltar a ter importância.
Ao mesmo tempo, o governo tem no IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e no CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) dois think tank com bom repertório de diagnósticos e visões de futuro.
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Há um enorme elenco de estudos, desde as reformas institucionais defendidas por instituições ligadas ao mercado, simplificações tributárias estudadas por Associações Comerciais, políticas industriais e instrumentos de capitalização estudados pela Universidade e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Falta apenas a presidente dar-se conta disso e sair a campo para ouvir, ouvir, ouvir. E, depois, ouvir mais até assimilar os conceitos e, sendo uma pessoa reconhecidamente inteligente, conseguir definir seu segundo governo.
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A presidente tem resistido bravamente a propostas que, no fundo, buscam desmontar o estado de bem-estar social construído desde a Constituição de 1988.
Falta sair da atitude defensiva e apresentar propostas de governo.
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