quinta-feira, 8 de outubro de 2015

MURILO ROCHA: CUNHA, O PT E O PSDB

A situação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é insustentável, mas, mesmo assim, o parlamentar se mantém forte à frente da Casa, e, de um total de 513 deputados, apenas 29 assinaram nesta quarta um pedido pelo seu afastamento. Não bastasse dois delatores ouvidos nas investigações da operação Lava Jato terem confirmado o repasse de pelo menos R$ 5 milhões ao peemedebista, na última semana, autoridades suíças confirmaram a existência de uma conta não declarada do presidente da Câmara em um banco daquele país. Cunha havia negado possuir dinheiro no exterior.

Mas por que, então, Cunha, mesmo todo enrolado, continua a dar as cartas e enfrenta pouca resistência entre seus pares? A resposta é porque, além do PMDB (seu partido), o deputado é considerado peça-chave para o desenrolar político tanto para o PT (leia-se governo) como para a oposição, ainda mais agora.

Com a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) em rejeitar as contas da presidente Dilma Rousseff referentes ao ano de 2014 por manobras fiscais batizadas de “pedaladas”, como era esperado, só Eduardo Cunha tem hoje força para transformar essa reprovação em uma ação consistente de impeachment, com chance de ser aprovada no Congresso. Sem Cunha, dificilmente, a oposição mobilizará, além de seus membros, parlamentares do baixo clero e do PMDB para aprovar a saída de Dilma. Mesmo combalido, o atual presidente da Câmara é visto como o único capaz de comprar essa briga com o Planalto e vencer. Isso explica o silêncio, ou melhor, a conivência de figurões do PSDB, como o deputado Carlos Sampaio (SP) e o senador Aécio Neves, com as denúncias.

Do outro lado, a maior parte do PT, orientada por seu líder na Câmara, o deputado Sibá Machado, também adota cautela em relação a Cunha pelo mesmo motivo. Se o partido declarar guerra neste momento ao peemedebista e ele não cair nas próximas semanas, não há dúvida da retaliação. Por isso, parte dos petistas parece negociar um armistício com Eduardo Cunha em troca de uma protelação na hora de analisar as contas da presidente no Congresso, reprovadas nesta quarta por unanimidade pelo TCU.

PT e PSDB só abandonarão Cunha à própria sorte quando este já for realmente cachorro morto, sem risco de ferir ninguém mais. Talvez nem mesmo a esperada revelação dos extratos da conta na Suíça do presidente da Câmara seja suficiente para ele ser execrado por petistas e tucanos.

WILL NUNES:
Aonde fica o povo brasileiro nesta situação? Com a palavra alguns dos nossos políticos....

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