Entre elogios e críticas com relação à economia nacional fica difícil encontrar um norte. Afinal, o Brasil vai bem ou vai mal? Se for buscar a opinião dos economistas como referência, a resposta é "depende".
De um lado há quem veja alarmismo no que diz respeito às condições econômicas do País – ou, pelo menos, uma certa falta de auto-estima. Em entrevista à revista Carta Capital publicada na última sexta-feira (11), o empresário Abilio Diniz , ex-Grupo Pão de Açúcar e atual presidente do conselho da BRF, foi taxativo. "Internamente há um ceticismo maior em relação ao futuro do País do que lá fora", disse.
Quem faz coro ao grupo dos otimistas é o economista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Sicsú, que lembra que o Brasil é atualmente o quarto país do mundo que mais recebe investimento estrangeiro. “Esse pessimismo é das notícias, das interpretações, não dos números”, afirma. “Está tudo muito longe do ideal. Mas dizer que não melhorou ou que piorou é uma loucura.”
Para Sicsú, a discussão econômica está contaminada pelos embates políticos entre situação e oposição. “A discussão econômica está acontecendo dentro do debate eleitoral”, diz. “A cada mês, os números oscilam, ora têm melhora, ora pioram, mas a curva é positiva nos últimos sete anos.”
Esse não é o raciocínio do professor de economia do Insper, Alexandre Chaia, que ainda vê o mercado internacional “muito ressabiado” com relação às decisões da presidente Dilma Rousseff. “Vejo dois casos muito emblemáticos. Primeiro a pressão que foi feita por meio dos bancos públicos para os privados cortarem os juros e, por último, as mudanças nas regras de energia elétrica”, explica. “É muita interferência do governo no mercado.”
Para Chaia, enquanto o governo não sinalizar que há uma grande preocupação com as contas públicas, dificilmente haverá mais investimentos em outras áreas. “É fundamental honrar contratos e mostrar que está de fato enxugando os gastos e não maquiando números para que o investidor estrangeiro fique mais tranqüilo”, afirma o professor. “Por enquanto, os investimentos que estamos vendo são em setores já consolidados, rentáveis e com demanda já criada.”
A intenção do Governo de se aproximar dos empresários tem sido reconhecida como um passo adiante no relacionamento com a iniciativa privada. “Essa sim foi uma boa evidência de que o governo está enxergando o investimento privado e, principalmente, que a transferência de renda unilateral é o grande gargalo do Brasil", afirma o professor do Insper.
Conheça dez evidências que justificam o otimismo com a economia nacional.
1. Montadoras já anunciaram investimentos de R$ 75 bilhões
Para o presidente da Anfavea, Luiz Moan, o cenário econômico não é perfeito, mas ele não tem do que reclamar. Na semana passada, aHonda anunciou uma fábrica em São Paulopara produzir um modelo utilitário do Honda Fit. o investimento será de R$ 1 bilhão. A Mercedes-Benz anunciu no fim de outubro o mesmo aporte de recursos para ampliar a produção de ônibus e caminhões. Na quarta-feira (13), a Ford vai anunciar o seu novo carro global, com a presença do presidente do conselho mundial da empresa, Bill Ford. O local escolhido para o lançamento mundial? Camaçari (BA), onde a montadora tem uma fábrica.
Esse é um dos casos que Chaia entende como investimento em setores com resultado garantido. "O setor automotivo é consolidado e tem demanda, esse é o único tipo de investimento que está acontecendo."
2. Vale volta a crescer
Depois de encolher dos R$ 244 bilhões para os R$ 60 bilhões em dois anos, o lucro da Vale mais que dobrou em relação ao terceiro trimestre do ano passado: R$ 7,949 bilhões (contra R$ 3,321 bilhões no mesmo período do ano passado). Como maior mineradora de ferro do mundo, a Vale é uma das balizas sobre o ritmo da economia nacional.
3. Portugal Telecom anuncia fusão com a Oi
De olho no mercado nacional de telecomunicações, a europeia Portugal Telecom deu mais um passo em direção ao Brasil. Em outubro deste ano, a empresa anunciou sua fusão com a Oi . A Oi receberá um aporte de R$ 14 bilhões com a operação.
4. PIB do segundo trimestre surpreendeu analistas
Já no segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) vinha dando sinais de que traria boas notícias. Com um crescimento de 1,5% no período, supreendeu especialistas, que aguardavam algo em torno de 1% de alta. Um retrato do passado? Com certeza, mas no começo de outubro o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já adiantou que o PIB do terceiro trimestre voltaria a surpreender. “Os dados econômicos recentes apontam para uma acomodação no terceiro trimestre que é mais benigna do que as pessoas estavam esperando há alguns meses”, afirmou.
Sicsú já eliminou do seu radar qualquer perspectiva de resultado desfavorável nos próximos dois resultados. "Indicadores de comércio e de emprego deixam claro que não virá um resultado ruim. Já descartei essa possibilidade", afirma.
5. Pesquisa mensal do comércio
E por falar em indicador de comércio, essa também é uma das boas novas que vale o otimismo. Em agosto, as vendas no varejo cresceram 6,2% em comparação com igual período do ano passado, segundo dados do IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em julho, o crescimento foi de 6%. Essas foram as duas últimas medições do IBGE
6. Produção industrial cresce 1,6%
Entre janeiro e setembro deste ano, segundo o IBGE, a indústria brasileira marcou alta em dez das 14 localidades pesquisadas. Melhor: esse crescimento tem a ver com o aumento na fabricação de bens de capital e bens de consumo duráveis, que garantem uma longa linha de empregos e reinvestimento na indústria.
Entre janeiro e setembro deste ano, segundo o IBGE, a indústria brasileira marcou alta em dez das 14 localidades pesquisadas. Melhor: esse crescimento tem a ver com o aumento na fabricação de bens de capital e bens de consumo duráveis, que garantem uma longa linha de empregos e reinvestimento na indústria.
7. Duty Free inaugura sua maior loja do mundo no Brasil
No último dia de outubro, o Terminal 2 do aeroporto de Guarulhos (SP) ganhou um freeshop quase novo. A loja do Dufry dobrou de tamanho, ganhou 22 caixas de pagamento e carrinhos de compras equipados com pequenos mimos como tablets que indicam as promoções geolocalizadas dentro da loja. Uma outra loja deverá ser instalada no Terminal 3 do mesmo aeroporto. Na ocasião do lançamento, Julian Diaz, diretor-presidente do Dufry afirmou que “2014 é o ano do Brasil”.
8. Gasto de brasileiros no exterior dispara
Recorde em cima de recorde. Em junho deste ano, o Banco Central anunciou volume recorde de gastos no exterior para o período de 12 meses, US$ 17,2 bilhões. Quatro meses depois, outro marco: US$ 2,168 bilhões gastos em viagens internacionais, o melhor outubro da história, segundo o Banco Central .
9. Marcas internacionais desembarcam no País
O interesse das marcas internacionais no País anda fazendo a alegria de muita gente que esperava as viagens internacionais para trazer aquele moletom da GAP, o estilo fast fashion da Forever 21 ou da sueca H&M. A GAP já inaugurou duas lojas no País neste ano após cinco anos de especulações. Já a Forever 21 deve chegar primeiro no Shopping Morumbi , em São Paulo. A sueca H&M chegou ao Brasil desfalcando equipes de outros varejistas como Riachuelo e Renner.
10. Restaurantes em estilo internacional com preços em reais
Assim como as marcas de roupas, as marcas do setor de serviços também começam a mostrar a que vieram ao Brasil. Nos últimos meses, anunciaram o início das operações no País as redes de alimentação Johnny Rockets e Tony Roma’s. O Johnny Rockets deve trazer duas lojas , ao custo de US$ 500 mil cada – além de um saboroso cardápio com 18 sabores de milkshakes. Já o Tony Roma’s volta ao País uma década depois, projetando dez lojas, com investimento total de R$ 45 milhões.
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