Folha de S.Paulo, primeira a noticiar o esquema de superfaturamento e propina em obras do metrô paulista, a partir do "caso Siemens", voltou ao assunto nesta segunda-feira 29. Mas como bem observou o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), o jornal publicou sua reportagem sobre o caso na editoria "Cotidiano", em vez de "Poder", e sem citar qualquer participação dos governos tucanos do Estado de São Paulo.
"Folha noticia caso do superfaturamento do Metrô de SP na editoria de ...cotidiano!! E não cita o nome de ninguém do governo tucano", escreveu o parlamentar em sua conta no Twitter nesta manhã. "Nunca vi nada igual!! Rabo preso com o PSDB??", questionou ainda Berzoini. Como noticiou o 247 no último sábado 27, a Folha que, curiosamente, iniciou a divulgação do caso, havia tirado seu time de campo, sem mais voltar ao tema.
Na reportagem de hoje, o jornal da família Frias noticia que a Siemens, empresa que delatou um esquema de cartel da qual fazia parte, irá devolver aos cofres públicos o dinheiro das licitações pelas quais foi beneficiada. A multinacional alemã admitiu devolver parte do valor que teria sido superfaturado no fornecimento de equipamentos em São Paulo. Na segunda matéria sobre o caso, assinada pela jornalista Catia Seabra, o veículo também não cita o nome do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Conforme mostraram as duas últimas reportagens de capa da revista IstoÉ, o esquema de superfaturamento e propina nas obras do metrô e dos trens metropolitanos, segundo o depoimento de um ex-funcionário da Siemens, tinha a participação de autoridades dos governos estaduais, que também eram beneficiados. Segundo a IstoÉ, foram desviados R$ 50 milhões nos governos de Alckmin, mas também de José Serra e Mario Covas. O atual governador será até alvo de uma ação de improbidade.
Na segunda reportagem sobre o caso, a revista informa, com base em documentos aos quais teve acesso, que houve superfaturamento de no mínimo R$ 425 milhões no metrô paulista durante os sucessivos governos do PSDB nos últimos 20 anos, esquema que contou com a participação de autoridades e servidores públicos. Voltando às questões feitas pelo 247 no último sábado, por que então a Folha sequer citou o nome de um dos três governadores? E por que Geraldo Alckmin está sendo blindado pela grande imprensa?
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