O MEDO DOS TUCANOS

O cruzamento de dados entre as pesquisas de intenção de voto realizadas pelos institutos DataTempo/CP2 e Datafolha, sobre a corrida presidencial, deixa o tucanato em alerta. Em Minas Gerais, o pré-candidato do PSDB, José Serra, possui vantagem de nove pontos percentuais sobre a petista Dilma Rousseff, segundo o DataTempo/CP2. Na região Sudeste, conforme o Datafolha, o tucano está em primeiro, sete pontos à frente da ex-ministra.Pois bem. Minas abrange o segundo maior colégio eleitoral do país, enquanto o Sudeste concentra 44% do eleitorado brasileiro. Seriam números alentadores para o PSDB não fossem os dados nacionais. Quando são levadas em conta as intenções de voto de todos os Estados, Serra e Dilma empatam em 37%, conforme levantamento do Datafolha.Além disso, apesar de ter largado na frente em Minas, Serra vê Dilma cada vez mais próxima de seu retrovisor. Em fevereiro, o tucano tinha 42,40% e, agora, tem 42,14% das intenções de voto. Já a petista saltou de 25,60% para 32,65% no mesmo período – um crescimento de mais de sete pontos percentuais, de acordo com o DataTempo/CP2.Toda essa matemática indica que o ex-governador paulista precisará rever suas estratégias.

O estilo “Serrinha paz e amor”, que busca manter um clima cordial com eleitorado fiel ao presidente Lula, não vem surtindo o efeito que o tucano esperava – aos menos nas pesquisas. Mas, caso resolva partir de vez para o franco enfrentamento contra a petista Dilma Rousseff, José Serra corre o risco de esbarrar exatamente na alta popularidade do presidente Lula. São, portanto, duas vias de risco.Não se pode dizer que a eleição está completamente indefinida. Trata-se de um longo processo, no qual as definições vêm sendo construídas. Considerando, ainda, a margem de crescimento de Serra e Dilma, pode-se compreender a apreensão dos tucanos que, novamente, apostam as suas fichas em um recall na campanha de José Serra – daí o ressurgimento da tese de emplacar Aécio Neves como vice.