Em se tratando de eleições, os cenários estão em aberto. Poucas semanas atrás, Carlos Montenegro cravou que Serra ganharia as eleições.
É cedo para afirmar. Até mesmo pelo simples fato de que temos variáveis importantes em aberto. Candidaturas importantes que ainda não estão definidas. Coalizões que não estão fechadas. E ainda existem incertezas no quadro econômico.
Além do mais, a liderança de Serra pode ser ameaçada pelo fato inconteste de que o governo: a) tem uma máquina poderosa; b) tem o melhor cabo eleitoral disponível; e c) tem um monte de boas notícias na mochila para o ano que vem.
Sem falar no pré-sal, um dos principais pontos do discurso oficial na campanha presidencial, cujo potencial mediático é forte e, também, no efeito político da combinação inflação baixa com consumo forte e expansão do crédito.
Vamos lá. A partir de janeiro, o salário mínimo passa dos atuais R$ 465,00 para R$ 505,90. Um aumento de 8,79%, podendo ser um pouco maior.
O ministro Paulo Bernardo admitiu que o Congresso poderá “arredondar” o número. Ao mencionar essa possibilidade na véspera de um ano eleitoral, o ministro dá margem a que os parlamentares incrementem um pouco mais o valor.
Para os aposentados que ganham mais do que o salário mínimo, o governo sinaliza com aumento real. Ainda no âmbito social, os gastos com o Bolsa Família baterão em 2010 em R$ 13,1 bilhões, para atender a 12,7 milhões de famílias inscritas. O que significa que mais de 35 milhões de brasileiros serão alcançados pelo programa.
O presidente Lula também já antecipou que pretende lançar no início do próximo ano a segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC II). Seria um projeto de investimentos para o seu sucessor, a ser implementado entre 2011 e 2014.
O Orçamento de 2010 confirma o reajuste para o funcionalismo público, previstos em medidas provisórias aprovadas pelo Congresso em 2008, mas devido à crise econômica e a conseqüente queda na arrecadação, não havia plena confirmação da medida.
Há ainda a previsão de contratação de mais de 70 mil novos funcionários públicos. As perspectivas de crescimento do PIB para o ano que vem oscilam entre 4 e 5%. Números bem conveniente para um ano de eleições presidenciais.
Dilma Rousseff aproveitou as novidades e começou a adequar seu discurso ao novo momento da sucessão. Durante a cerimônia de divulgação de projetos de saneamento que receberão R$ 4,5 bilhões do PAC, ela destacou as preocupações sociais e ambientais do programa.
O objetivo é não deixar que Marina Silva, potencial candidata do PV à Presidência, assuma de forma isolada a defesa do tema. Marina foi ministra do Meio Ambiente de Lula e travou várias disputas com Dilma na área ambiental. Assim, retornando à cena com tantas notícias positivas, Dilma pode voltar a crescer nas próximas pesquisas.
No entanto, nem tudo são flores. As boas notícias de 2010 não eliminam um árduo trabalho de conciliar uma base política de difícil trato.
PT, PMDB e PSB têm visões distintas do pós-Lula. Ciro Gomes está bem posicionado nas pesquisas. A eventual candidatura de Aécio Neves no lugar de Serra pode também abalar a cena de 2010.
Vale dizer ainda que a execução do PAC ainda é lenta e o governo demora a fazer as coisas acontecer. Assim, o quadro eleitoral está em aberto. Mas, inegavelmente, uma mochila de boas notícias e um cabo eleitoral popular podem fazer a diferença.
Murillo de Aragão é cientista político
É cedo para afirmar. Até mesmo pelo simples fato de que temos variáveis importantes em aberto. Candidaturas importantes que ainda não estão definidas. Coalizões que não estão fechadas. E ainda existem incertezas no quadro econômico.
Além do mais, a liderança de Serra pode ser ameaçada pelo fato inconteste de que o governo: a) tem uma máquina poderosa; b) tem o melhor cabo eleitoral disponível; e c) tem um monte de boas notícias na mochila para o ano que vem.
Sem falar no pré-sal, um dos principais pontos do discurso oficial na campanha presidencial, cujo potencial mediático é forte e, também, no efeito político da combinação inflação baixa com consumo forte e expansão do crédito.
Vamos lá. A partir de janeiro, o salário mínimo passa dos atuais R$ 465,00 para R$ 505,90. Um aumento de 8,79%, podendo ser um pouco maior.
O ministro Paulo Bernardo admitiu que o Congresso poderá “arredondar” o número. Ao mencionar essa possibilidade na véspera de um ano eleitoral, o ministro dá margem a que os parlamentares incrementem um pouco mais o valor.
Para os aposentados que ganham mais do que o salário mínimo, o governo sinaliza com aumento real. Ainda no âmbito social, os gastos com o Bolsa Família baterão em 2010 em R$ 13,1 bilhões, para atender a 12,7 milhões de famílias inscritas. O que significa que mais de 35 milhões de brasileiros serão alcançados pelo programa.
O presidente Lula também já antecipou que pretende lançar no início do próximo ano a segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC II). Seria um projeto de investimentos para o seu sucessor, a ser implementado entre 2011 e 2014.
O Orçamento de 2010 confirma o reajuste para o funcionalismo público, previstos em medidas provisórias aprovadas pelo Congresso em 2008, mas devido à crise econômica e a conseqüente queda na arrecadação, não havia plena confirmação da medida.
Há ainda a previsão de contratação de mais de 70 mil novos funcionários públicos. As perspectivas de crescimento do PIB para o ano que vem oscilam entre 4 e 5%. Números bem conveniente para um ano de eleições presidenciais.
Dilma Rousseff aproveitou as novidades e começou a adequar seu discurso ao novo momento da sucessão. Durante a cerimônia de divulgação de projetos de saneamento que receberão R$ 4,5 bilhões do PAC, ela destacou as preocupações sociais e ambientais do programa.
O objetivo é não deixar que Marina Silva, potencial candidata do PV à Presidência, assuma de forma isolada a defesa do tema. Marina foi ministra do Meio Ambiente de Lula e travou várias disputas com Dilma na área ambiental. Assim, retornando à cena com tantas notícias positivas, Dilma pode voltar a crescer nas próximas pesquisas.
No entanto, nem tudo são flores. As boas notícias de 2010 não eliminam um árduo trabalho de conciliar uma base política de difícil trato.
PT, PMDB e PSB têm visões distintas do pós-Lula. Ciro Gomes está bem posicionado nas pesquisas. A eventual candidatura de Aécio Neves no lugar de Serra pode também abalar a cena de 2010.
Vale dizer ainda que a execução do PAC ainda é lenta e o governo demora a fazer as coisas acontecer. Assim, o quadro eleitoral está em aberto. Mas, inegavelmente, uma mochila de boas notícias e um cabo eleitoral popular podem fazer a diferença.
Murillo de Aragão é cientista político
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