A Unilever, multinacional de alimentos, produtos de limpeza e de higiene pessoal anunciou ontem, em sua página, que seus investimentos no país vão chegar a R$ 1 bilhão, até 2017: uma fábrica de desodorantes em São Paulo e um centro de distribuição de alimentos em Pernambuco.
Então, onde está a crise?
Ela existe, sim, e está localizada em alguns setores, dos quais se expande para outros setores da economia e da vida cotidiana, esta também afetada pela alta do preço dos alimentos – impressionante a incapacidade de ação governamental neste setor – e da energia.
Fora daí, o que nos gera crise, se ela não é financeira, como demonstram os polpudores resultados que o setor segue registrando?
O primeiro fator, inquestionavelmente, é o corte das despesas públicas, que deixam de irradiar seus efeitos sobre a a renda, o emprego, a produção e os serviços.
Outro, especialmente sensível, é a paralisia do setor de petróleo, que responde por 13% do PIB brasileiro. Uma parte, certo, vem da queda do valor do óleo no mundo (mais de 50% desde o início do ano), mas muito maior é a situação de impasse e medo gerada pela Operação Lava-Jato. Não apenas na Petrobras, aliás, mas em todas as obras de construção pesada.
O terceiro componente, claro, é o encarecimento do crédito, que embora seja “crônico” no Brasil, impacta fortemente a decisão de compra de produtos de maior valor, como automóveis, eletrodomésticos e outros.
Por último, a insegurança econômica fazendo com que se postergue ou abandone investimentos de longo prazo, sobretudo os imobiliários.
Ou seja, é o “ajuste” que provoca o “desajuste”, porque há um engessamento da atividade econômica, que se reflete na queda de arrecadação de impostos e, num ciclo perverso, em uma realimentação da tendência de paralisia ou de retração.
E isso acontece com maior intensidade porque as poucas – e limitadas – medidas arrecadadoras empacaram na virtual insurreição do Congresso, em igual escala interessado em obrigar o Governo a viver sob a pressão dos gastos com suas “bondades”.
E o país, na iminência de uma crise por semana, com o dueto Moro-Cunha.
Com todos os seus defeitos, a nova composição política do Governo com o Legislativo, com o inevitável enfraquecimento de Eduardo Cunha, pode ser um caminho para romper este círculo perverso em que estamos contidos.
Até porque, se o setor financeiro só ganha com o quadro de confusão em que mergulharam o país, quem produz e vende, por mais que também aufira lucros financeiros, perde o que lhe dá mesmo dinheiro: o mercado para seus produtos.
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