quarta-feira, 12 de agosto de 2015

CUNHA AOS POUCOS VAI FICANDO ISOLADO

Postado por: DANIELA MARTINS 
Com acerto desta semana entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que enfraquece no Congresso o movimento pró-impeachment, os oposicionistas se arriscam a ficar isolados com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o comandante da Câmara.
A oposição no Congresso ficou ancorada apenas em Cunha, que, na prática, tem sido o principal adversário do governo nesta crise política. Cunha dirige com audácia e competência a Câmara, liderando um grande grupo de deputados. Mesmo enfraquecido pela acusação de que teria recebido US$ 5 milhões de propina do delator Júlio Camargo, o que ele nega, Cunha vem recebendo apoio da oposição porque a abertura de um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma passa por uma decisão dele.
Havia também contatos do presidente do Senado com a oposição, mas eles perderam força na medida em que Dilma abraçou a chamada “Agenda Brasil”, cheia de propostas polêmicas e contrárias aos movimentos sociais dos quais o governo quer se reaproximar. Mas a presidente enxergou uma boia no gesto de Renan Calheiros e a agarrou, mesmo que alguns pontos da agenda morram pelo caminho.
Ficar ancorada em Eduardo Cunha é arriscado para a oposição, porque, em breve, ele deverá ser denunciado pela Procuradoria Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal). A consistência dessa denúncia dirá se ele terá condição de se manter na presidência da Câmara, como ele tem dito que pretende fazer. Apostar em Cunha pode se revelar um erro de parte da oposição.
Numa semana em que o governo amenizou seu isolamento político, a outra aposta da oposição para voltar a enfraquecer Dilma perante deputados e senadores são os protestos marcados para o próximo domingo.
*
Para o governo, a primeira forma de enfrentar as manifestações de domingo é usar o discurso de que, numa democracia, os protestos são naturais. Mas é claro que há temor de que o volume das manifestações e a sua extensão por todo o país piorem a situação política da presidente.
Já é esperado um protesto forte em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas será preciso ver a intensidade em outras capitais e cidades médias das demais regiões.
Para fazer frente às manifestações, o governo tem procurado dar demonstrações de que diminuiu o seu isolamento político. É verdadeira a impressão de que o começo desta semana está um pouco melhor para o governo do que final da semana passada.
A presidente voltou a fazer discursos praticamente diários, repetindo o que Lula usava em seu governo para marcar presença na imprensa quase todos os dias. É uma forma de disputar a narrativa da crise. Houve também essa reaproximação com os senadores aliados. Dilma jantou ontem com integrantes dos tribunais superiores, fazendo um gesto para o Judiciário. Nos bastidores, está disposta a fazer um acordo para reajuste salarial do Poder Executivo.
Dilma participará hoje do encerramento da Marcha das Margaridas, que são as trabalhadoras do campo e da floresta que anualmente fazem suas reivindicações em Brasília. Deverá receber membros de movimentos sociais até sexta.
Dilma está fraca, mas não está derrotada. E quer mostrar alguma recuperação de força política antes dos protestos de domingo, sempre com o discurso de que foi eleita e de que resistirá a pressões pela sua saída do poder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário, dúvida ou sugestão.