Após frustrar irremediavelmente a generosa expectativa da nação, resta a Fernando Henrique uma única atitude: reconhecer o estado de ingovernabilidade do país e propor ao Congresso uma emenda constitucional convocando eleições presidenciais para outubro, dando um desfecho racional ao seu segundo e melancólico mandato, que terminou antes mesmo de começar”.
Não fosse pelo nome do presidente no texto, seria facilmente possível crer que ele é atual, provavelmente escrito por um tucano diante da crise de confiança no governo petista, um mês após o início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. É, no entanto, de 1999, de autoria do petista Tarso Genro, então dirigente nacional do PT, em questionamentos duros a FHC, 25 dias após este tomar posse para seu segundo período de quatro anos.
O artigo publicado na época pelo jornal “Folha de S.Paulo” recebeu resposta dos tucanos em linha oposta, no dia seguinte, no mesmo jornal. “O senhor Tarso Genro propõe violar a vontade popular expressa democraticamente nas urnas em 4 de outubro último, destruir o Estado de Direito duramente reconstruído após 22 anos de ditadura e rasgar a Constituição”, dizia texto assinado por Teotônio Vilela Filho, então senador e presidente da Executiva nacional tucana.
Ambos os textos demonstram como tudo é uma questão de ponto de vista. O PT, na oposição, enxergava um governo ilegítimo, enquanto o PSDB acusava um golpe. Hoje é o contrário: o PSDB encampa a ideia do impeachment, enquanto o PT afirma que é antidemocrático. Eis a política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe o seu comentário, dúvida ou sugestão.