Dilma é para oito anos
Leonardo Attuch, IstoÉ
Dilma Rousseff enganou todos nós. Achávamos que era um poste, uma marionete do presidente Lula.Uma pessoa incapaz de se segurar sozinha no cargo. E, de repente, decorridos pouco mais de 100 dias de governo, cai a nossa ficha.
Com 73% de popularidade, que devem ter ido a quase 100% depois das lágrimas públicas pelos “brasileirinhos” do Realengo, descobrimos que ela não desembarcou no Palácio do Planalto a passeio.
A cada dia que passa, fica mais claro que Dilma é um projeto político de oito anos – uma mulher que tem tudo para se reeleger em 2014 com um pé nas costas. E, se Lula quiser voltar depois, serão os tais “20 anos de poder”, com os quais sonhava Sérgio Motta, o ex-tesoureiro tucano.
Essa reflexão deve ter sido feita pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Só isso explica seu manifesto pela refundação do PSDB, em que pregou um ativismo maior das oposições e a busca de uma nova base social. Não o “povão”, que teria sido cooptado pelo PT, mas sim a nova classe média, que hoje compra apartamentos em 30 anos, adquire eletrodomésticos à vista e viaja quando quer para o Exterior.
Lamento, FHC. É mais fácil Dilma conquistar a velha classe média do que o PSDB atrair a nova. Primeiro, porque ela tem demonstrado uma compostura ímpar no cargo, com muito mais respeito às instituições democráticas do que seu antecessor. Segundo, porque tem visão estratégica.
Ela entendeu que os tablets podem provocar uma verdadeira revolução do conhecimento no País e volta da China trazendo uma fábrica de iPads na mala – além disso, pretende pressionar as operadoras telefônicas a oferecer banda larga de verdade no País. Terceiro, porque deixou claro que o Brasil de hoje tem chefe. Com Dilma, candidatos a eminências pardas e a “superministros” não terão vida longa.
Os oposicionistas que têm mandato já perceberam que não adianta remar contra a correnteza. Dois governadores tucanos, o paulista Geraldo Alckmin e o mineiro Antônio Anastasia, já frequentam a copa e a cozinha do Palácio do Planalto.
O PSD, do prefeito Gilberto Kassab, também não fará oposição a Dilma. E o senador Aécio Neves, pelo primeiro discurso que fez na tribuna, também deixou claro que não tem vocação para esse papel.
O que restou? José Serra, escrevendo artigos num jornal, e FHC, criando um blog na internet, além de experiências de laboratório com subcelebridades sendo urdidas nos bastidores.
Num país que cresce 5% ao ano e que pode retirar milhões da pobreza nos próximos anos, seria mais inteligente bater à porta do Palácio e, de forma humilde, pedir uma conversa. Em vez de se afastar de Dilma, o PSDB faria melhor se buscasse um caminho de entendimento e cooperação.
Leonardo Attuch, IstoÉ
Dilma Rousseff enganou todos nós. Achávamos que era um poste, uma marionete do presidente Lula.Uma pessoa incapaz de se segurar sozinha no cargo. E, de repente, decorridos pouco mais de 100 dias de governo, cai a nossa ficha.
Com 73% de popularidade, que devem ter ido a quase 100% depois das lágrimas públicas pelos “brasileirinhos” do Realengo, descobrimos que ela não desembarcou no Palácio do Planalto a passeio.
A cada dia que passa, fica mais claro que Dilma é um projeto político de oito anos – uma mulher que tem tudo para se reeleger em 2014 com um pé nas costas. E, se Lula quiser voltar depois, serão os tais “20 anos de poder”, com os quais sonhava Sérgio Motta, o ex-tesoureiro tucano.
Essa reflexão deve ter sido feita pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Só isso explica seu manifesto pela refundação do PSDB, em que pregou um ativismo maior das oposições e a busca de uma nova base social. Não o “povão”, que teria sido cooptado pelo PT, mas sim a nova classe média, que hoje compra apartamentos em 30 anos, adquire eletrodomésticos à vista e viaja quando quer para o Exterior.
Lamento, FHC. É mais fácil Dilma conquistar a velha classe média do que o PSDB atrair a nova. Primeiro, porque ela tem demonstrado uma compostura ímpar no cargo, com muito mais respeito às instituições democráticas do que seu antecessor. Segundo, porque tem visão estratégica.
Ela entendeu que os tablets podem provocar uma verdadeira revolução do conhecimento no País e volta da China trazendo uma fábrica de iPads na mala – além disso, pretende pressionar as operadoras telefônicas a oferecer banda larga de verdade no País. Terceiro, porque deixou claro que o Brasil de hoje tem chefe. Com Dilma, candidatos a eminências pardas e a “superministros” não terão vida longa.
Os oposicionistas que têm mandato já perceberam que não adianta remar contra a correnteza. Dois governadores tucanos, o paulista Geraldo Alckmin e o mineiro Antônio Anastasia, já frequentam a copa e a cozinha do Palácio do Planalto.
O PSD, do prefeito Gilberto Kassab, também não fará oposição a Dilma. E o senador Aécio Neves, pelo primeiro discurso que fez na tribuna, também deixou claro que não tem vocação para esse papel.
O que restou? José Serra, escrevendo artigos num jornal, e FHC, criando um blog na internet, além de experiências de laboratório com subcelebridades sendo urdidas nos bastidores.
Num país que cresce 5% ao ano e que pode retirar milhões da pobreza nos próximos anos, seria mais inteligente bater à porta do Palácio e, de forma humilde, pedir uma conversa. Em vez de se afastar de Dilma, o PSDB faria melhor se buscasse um caminho de entendimento e cooperação.
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