quinta-feira, 3 de março de 2016

CERCO AO CUNHA


Eduardo Cunha, o "senhor protelatório", presidente da Câmara dos Deputados, acusado de envolvimento no maior escândalo de corrupção do Brasil, agora tem o poder de atuação reduzido e o cargo em xeque. Acostumado às manobras no Legislativo, Cunha pode não resistir ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Nesta quinta-feira (3), ele deve ter a condição de réu em ação penal formalizada, enfrentando a maior das pressões para deixar o cargo. Líderes de diversos partidos reuniram-se na noite dessa quarta (2) e devem soltar nesta quinta manifestos pedindo que Cunha renuncie à Presidência da Câmara. “Estamos aguardando os partidos que disseram que só pediriam a renúncia se ele virasse réu. É de assustar se não conseguirmos finalmente afastá-lo”, disse o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG).

No fim do dia dessa quarta, o STF decidiu aceitar a denúncia contra Cunha. Seis dos 11 ministros da Corte votaram pelo recebimento. Os demais darão o parecer nesta quinta, quando a sessão será retomada. Se mantiverem os votos, Cunha será considerado réu.

Nos bastidores, para que a renúncia de Cunha à Presidência da Casa ganhe corpo na Câmara é preciso que partidos da oposição encampem a ideia. Alas do Solidariedade, PTB e dissidentes do PMDB brigam pela permanência dele.

Além da pressão na Câmara, O STF pode precipitar-se ao processo ao analisar pedido da Procuradoria pelo afastamento do deputado do cargo de presidente. O processo deve ser julgado tão logo os ministros concluam o julgamento relativo à ação penal nesta quinta.

Denúncia

O acolhimento da denúncia foi puxado pelo relator da “Lava Jato”, ministro Teori Zavascki.

A acusação é a de que ele e a deputado Solange Almeida teriam atuado num esquema de pagamento de propina de contratos de navios-sonda da Petrobras.

Segundo o ministro, Cunha “incorporou-se à engrenagem criminosa”. Ele é acusado de receber propina de US$ 5 milhões para agilizar contratos com a Petrobras. Quem teria pago pela propina é o lobista Júlio Camargo, que revelou o esquema em delação premiada.

Foi a segunda derrota de Cunha no dia. Durante a madrugada, o Conselho de Ética decidiu manter o processo que pede a cassação dele. O deputado disse que vai recorrer da decisão por considerar que houve erro no processo.

Eduardo Cunha
Para Janot, deputado atuou diretamente em propinoduto

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi o responsável por montar a estratégia e usou o mandato para “restabelecer o propinoduto” que se instalou em dois contratos de navios-sonda da Petrobras.

O argumento foi utilizado por Janot ao defender que o Supremo Tribunal Federal (STF) receba a denúncia e torne Cunha réu, respondendo pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Neste caso, o peemedebista é acusado de receber US$ 5 milhões em desvios de recursos da estatal.

Segundo Janot, o lobista Júlio Camargo acertou com o também lobista Fernando Soares, o Baiano, o pagamento de US$ 40 milhões em propina para vários políticos e funcionários da Petrobras, mas uma dúvida jurídica sobre o contrato suspendeu o pagamento. Os dois são delatores da “Lava Jato”.

A Procuradoria afirmou que Baiano fez um acerto para restabelecer a cobrança da propina e Cunha “engendrou a fórmula através da qual ele restabelecia o propinoduto”, usando requerimentos contra as empresas envolvidas, que foram apresentados pela ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), também denunciada.

Outro Lado

Cunha revelou que acompanhou pela TV apenas a exposição de sua defesa. “Só no início do discurso do relator ele já afastou mais da metade das acusações do Ministério Público. É uma coisa muito óbvia, eu não poderia participar de um ato de corrupção num período em que eu nem conhecia aquelas pessoas. Isso ficou muito claro com o voto. Com o tempo, a verdade acaba surgindo e você acaba comprovando”, afirmou.

O peemedebista voltou a repetir que, mesmo que se torne réu, não significará que será condenado e disse que a decisão dos ministros não interferirá nos trabalhos da Câmara. “Até porque são indícios. Tudo o que está lá não tem condições mínimas de ser provado”, afirmou. Ele disse ter um “material farto probatório para desmascarar” a acusação.

Sobre a possibilidade de perder o apoio na Casa caso se transforme em réu, o peemedebista desconversou. “Eu não fui eleito pelos partidos da oposição e tampouco pelo PT”.

Editoria de Arte/Hoje em Dia
Cerco a Eduardo Cunha
fonte:hojeemdia

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