segunda-feira, 19 de outubro de 2015

ORION TEIXEIRA: O PAÍS AINDA PISA EM OVOS COM O HOMEM BOMBA AMBULANTE (EDUARDO CUNHA)

Alguém já o chamou de “cadáver político”, mas o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), sabe das coisas e de muitas coisas. Denunciado, já deixou a entender que não cairá sozinho. Pelo noticiário da última sexta-feira, ele parece ter sido abatido em voo sem direção. A questão é saber como e de que maneira ele vai desembarcar.

Ele se diz perseguido politicamente e vítima de delação premiada seletiva. Deve ser mesmo, mas sua queda será útil ao sistema, que, em condições normais de temperatura e pressão, precisa cortar um braço para manter o corpo. Ao final, muda alguma coisa para nada mudar (lição de Luchino Visconti em Leopardo).

Mas, além dele, a mulher e a filha estão sendo investigadas. Fragilizada e ferida, sendo provocada, a fera poderá ter reações imprevisíveis. Se ao final prevalecer o instinto de sobrevivência, ficará em silêncio, e a República brasileira seguirá até o dia em que a população, sem saber como e por que, sairá às ruas contra tudo e contra todos (como julho de 2013). Se falar, será bom para pôr a história para andar.

Novela das oito

O debate político está extremamente empobrecido, quase doentio, no país. Em vez de discutir, contrapor, expor e ouvir ideias e opiniões, interlocutores preferem o caminho menos difícil que é o de bater boca e defender seu time. “Ah! é incompetência do PT”; “não, foi herança maldita dos tucanos”. Será que o planeta Brasil só gira em torno desses dois donos da verdade?

Os maus exemplos vêm de todos os lados, e até de cima; ou alguém imagina ver, um dia, a presidente Dilma Rousseff (PT) e seu algoz, o senador Aécio Neves (presidente nacional do PSDB) sentados e, democraticamente civilizados, debatendo os pequenos e grandes problemas nacionais? Se não eles, há quem caberia essa discussão?

Talvez, estejamos muito atrasados e imaturos para fazê-lo; uma coisa que parece tão simples para quem faz, ou deveria fazer, do diálogo o principal instrumento de trabalho. Reside aí a diferença entre líderes e ausência deles. Não basta vencer jogo como quem ganha do outro, do adversário. Vitória verdadeira é aquela na qual todos venceriam, entendendo todos como o público, a res publica de tão bela definição dos platonistas.

E olha que o PSDB tenta pegar carona na crise nacional como antagonista, quando, na verdade, é um coadjuvante do confronto. Todos sabem que a fonte de crises estava ali com o destemperado Eduardo Cunha. Mas o ex-presidente Lula e sua turma preferem assim, culpam os tucanos por tudo para não ter que cutucar o Cunha com a vara curta. E os tucanos gostam, claro, caso contrário não poderiam representar algum papel de importância na cena política.

Moral da história, não há mocinhos (as) nem vilões (ãs); faltam líderes. Lembrando Ulysses, também não há ninguém bobo lá, todos ali enganaram, pelo menos, 100 mil eleitores. Uma teve a capacidade de enrolar 54.501.118 brasileiros; outro seduziu 51.041.155.

Dá um tempo, Lula

O ex-presidente Lula (PT) deveria se lembrar do slogan de sua campanha de reeleição (2006) que dizia “deixa o homem trabalhar” e parar de pedir a cabeça do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

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