segunda-feira, 27 de outubro de 2014

JORNALISTA ORION TEIXEIRA (JORNALHOJEEMDIA)




Onde menos esperava, a presidente Dilma Rousseff (PT) conquistou sua reeleição em Minas Gerais, seu estado de origem, mas a principal base política, além de natal, de seu rival e desafiante Aécio Neves (PSDB). A vantagem obtida pela petista em Minas foi de 550, 6 mil votos, semelhante à do primeiro turno, e a frente nacional alcançada por ela sobre o tucano, de 3,4 milhões, é parecida com aquela conta feita pelo PSDB mineiro, no início da campanha, de que o estado daria a Aécio para ganhar a disputa. Esse foi o grande feito da petista e a grande derrota do tucano, que acertou na conta, mas errou feio na estratégia. Minas faltou ao tucano, negando-lhe a liderança que imaginava sob controle e incontestável. A realidade foi outra.
O erro tucano não foi somente o da arrogância, como chegou a criticar o governador eleito, Fernando Pimentel (PT), de se achar “dono de Minas ou dos votos do estado”, mas na escolha do candidato a governador, o tucano Pimenta da Veiga. Faltou a Aécio a coragem necessária para enfrentar a divisão de seu grupo, que tinha três pré-candidatos aliados, e escolher um deles para ser o seu candidato em vez de buscar nome alternativo, afastado de Minas e da política há 12 anos.
Ou seja, não havia nenhuma identidade dele com os 12 anos de governos tucanos. Resultado já conhecido, o candidato ungido perdeu a eleição para governador e sequer chegou ao segundo turno, criando aí as condições para a maior derrota tucana no estado. Em seu discurso de reconhecimento de derrota, Aécio agradeceu ao apóstolo São Paulo por ter “combatido o bom combate”, fazendo, ao mesmo tempo, sutil referência ao estado paulista que o apoiou nos dois turnos ao contrário de seu próprio.
Ao contribuir para a terceira derrota de Aécio, Pimentel deixou a disputa e assumiu postura de governador eleito, reconhecendo que a eleição em Minas foi decisiva para a vitória. “Passada a campanha, é hora de superarmos as diferenças e caminharmos juntos em direção a um grande futuro. Viva Minas! Viva o Brasil”, disse ele, em nota.

Estadista e líder
Dilma Rousseff chegou ao segundo mandato e, ontem mesmo, deixou a condição de candidata para fazer o chamamento para a união nacional pela pacificação e avanços. Além de correto, o gesto não foi apenas uma manifestação de estadista, mas o reconhecimento de que é preciso fazer o que não fez nos primeiros quatros anos. Mais do que o país, ela precisa viabilizar sua governabilidade e recompor-se com as forças produtivas que lhe disseram não. Sua vitória foi inquestionável, mas também um resultado apertado (51,46% a 48,36%).

Dilma assumiu posição de estadista em meio ao racha nacional, e o derrotado Aécio buscou encarnar a de líder das forças de oposição, ainda que reconhecesse a necessidade de união nacional. Em um futuro cenário de Congresso Nacional fragmentado e conservador, o país não experimentará avanços se as duas principais e antagônicas forças políticas, o PT e o PSDB, não estabeleceram um entendimento mínimo. Sem isso, não haverá reforma que aguente. Para manter-se na condição que as urnas lhe conferiram, Aécio precisará se desfazer da tutela do tucanato paulista.

Me esqueçam
Muitos serão chamados a dar explicações que não existem por seus erros de avaliações, amostragem e resultados. E se existirem, elas serão deixadas de lado porque as pesquisas só voltarão à cena política daqui a dois anos, em 2016, nas eleições para prefeito. Até lá, os institutos ficarão esquecidos.

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